Pirâmide na Serra do Mar

Mistério que ainda não sensibilizou o segmento científico

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estuda uma estrutura feita de granitos, que pode vir a ser a primeira pirâmide do Brasil. O geólogo e mestre em sensoriamento remoto, Paulo Roberto Martini, chegou a uma conclusão inicial. Essa composição de rochas foi feita pelo homem. O monumento foi descoberto por acaso, numa fazenda no município paulista de Natividade da Serra, nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. São imensas pedras cortadas e empilhadas na forma de degraus até seu topo.

“Ainda é cedo para afirmar algo de concreto, mas estamos diante de uma construção feita por uma civilização primitiva avançada”, destaca o cientista.

Além de um amontoado de pedras, esse também é o mais novo mistério da arqueologia brasileira e coloca sob discussão a historia atual da ocupação do território brasileiro no período pré-descobrimento.

Basta ter contato com os milhares de blocos graníticos recortados e distribuídos na encosta de um morro para que surjam inúmeros questionamentos. Que cultura seria está ? Em quanto tempo fizeram essa edificação ? Por que e quando foi construída? Perguntas que dificilmente serão respondidas de pronto, mas que prometemgerar um turbilhão de dúvidas, polêmicas e especulações.

O local fica próximo a um riacho, que poucos metros a frente deságua no Rio Paraibuna. Os imensos blocos graníticos, cortados com precisão, continuam parcialmente empilhados. Com o tempo acabaram por perder o traço construtivo original, mais inclinado e no formato de uma grande escada ascendente. Os imensos tijolos podem ser visto na superfície. Uma boa parte se encontra soterrada pela erosão e outra ainda sustenta a estrutura em largas paredes. Vários, porém, se deslocaram com a ação do tempo. As chuvas e o peso das rochas recalcou o terreno, fazendo-os escorregar ou mesmo criar pequenos empilhamentos.

Basta remover um pouco da terra acumulada para se desvendar uma complexa armação. As
pedras, geralmente em formato retangular, variam de 1 a 2 metros de comprimento, de 0,40 a 0,70metro de espessura por 0,80 a 1 metro de largura. Foram assentadas bem unidas e os vãos – quando existiam – foram completados com pedras menores e fixadas por uma mistura de barro, semelhante a argamassa.

Duas faces do monumento estão recobertas pela mata. Nestes locais se encontram centenas de pedras, tendo as raízes das árvores tendo movimentado diversas delas. Numa tentativa de desvendar maiores detalhes do monumento, uma das faces acabou sendo alvo de escavações sem qualquer critério feitas pelos empregados da fazenda, incluindo a remoção de grandes pedras com o uso de tratores de esteira. A lateral da esquerda ainda não foi mexida.

Entretanto, outro aspecto intrigante está nos ecos que podem ser provocados. As batidas de um vergalhão de ferro dentro dos buracos que surgiram é possível ouvir a ressonância.

Provavelmente o efeito do som refletido numa câmara existente no interior da pirâmide. Usando a barra de ferro como instrumento improvisado foi capaz também de se ter uma noção da largura da parede. Provavelmente ela ultrapasse a um metro.

Técnica desconhecida

Entretanto, o intrigante é que essa região era habitada pelos índios Tamoios, que desconheciam a
tecnologia empregada no corte de blocos de pedra e sequer tinham a tradição de criar monumentos neste estilo. Segundo moradores do lugar, outras construções semelhantes se encontram numa propriedade vizinha. Essas, porém, estão recobertas pela Mata Atlântica e o acesso é dificultado pela densa vegetação.

As primeiras imagens deste monumento foram encaminhadas ao INPE pelo proprietário da Fazenda Palmeiras, Carlos Frahya, no final do ano passado. As fotos chegaram no final do ano de 2003 ao pesquisador Paulo Roberto Martini. Uma surpresa enigmática, que passou a ser alvo de estudos do cientista. E como qualquer mistério, quanto mais se pesquisa maior é o crescimento das dúvidas. “A textura das pedras é diferente, principalmente em alguns locais da edificação”, comenta o geólogo.

Segundo Martini, o tipo de rocha encontrada no local tem cerca de 2 bilhões de anos e fazem parte do Complexo de Varginha. Essa formação natural se estende pela Serra do Mar, começando nas proximidades de São Paulo seguindo até a Serra da Bocaina, na divisa com o Rio de Janeiro, e adentra a porção fluminense. Porém sua largura é pequena, alcançando algo próximo a 6 quilômetros. “Uma explicação geológica seria a erosão ter chegado à raiz das montanhas e provocado esse afloramento granítico, mas não há como explicar os cortes e a disposição das pedras”.

Esse tipo de rocha é de origem vulcânica e se forma comos primeiros derrames de lava no fundo do oceano, quando se dá início a formação das cadeias montanhosas. O tipo de entalhe das pedras é muito próximo ao utilizado pelas civilizações pré-incaicas, que habitaram os Andes. Ou mesmo dos fenícios, que eram exímios navegadores e utilizavam grandes marcos de pedras para que grupos de sua mesma cultura pudessemse orientar tanto no mar como em terra.

Como Natividade da Serra é situada dentro do eixo Rio-São Paulo, os indígenas encontrados na
época do descobrimento nesta região só usavam pedras para ponta de fechas, arpões e machadinhas. “Até o momento não há registros que esses povos nativos fizessem monumentos de pedras entalhadas, principalmente usando grandes e pesados blocos”, salienta o cientista.

Em suas pesquisas, Martini descobriu em manuais de sensoriamento remoto (sistema que produz
imagens da superfície do planeta a partir de satélite) semelhanças na formação de Natividade da Serra com outras construções de culturas primitivas avançadas, que habitaram o próprio continente americano. “Os monumentos de sinalização do Novo México são muito parecidos com esse encontrado aqui”, afirma.

Mistério reforçado

Na tentativa de evitar algum aspecto meramente especulativo, o geólogo chega a uma conclusão
óbvia. “Não há dúvida que aquilo é algo muito antigo e feito pelo homem”. O cientista foi buscar outras informações no Manual sobre Arqueologia Brasileira e pode constatar que o uso das rochas cristalinas pelo indígena brasileiro é desconhecido. Embora existam as edificações nas Reduções Jesuíticas, no Sul do país.

“Mas lá se trata de arenitos. A típica cultura rochosa-granítica conhecida na América do Sul é a dos Incas”, observa.

Entretanto, outra formação encontrada na altura da entrada da estrada de Salesópolis, que liga a
Rodovia dos Tamoios, no litoral norte paulista até a região metropolitana, foi identificada em pesquisas anteriores feitas pelo INPE a ocorrência de granulitos, rochas muito antigas compatíveis com aquelas próximas do cume da Serra da Mantiqueira.

A dúvida agora é saber se há ligação entre a possível pirâmide com outros monumentos e
formações encontradas. “Não sei ainda se ela poderia estar alinhada com o que encontramos próximo a Tamoios ou se há ligação entre elas, apesar de estarem relativamente bem próximas”, comentou Martini.

A descoberta desta possível pirâmide reabriu a discussão sobre a presença dos Incas no território brasileiro. Eles teriam percorrido um caminho entre os Andes e a costa atlântica, conhecido como Peabiru.

Essa antiga estrada e seus ramais cortavam os territórios atuais dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Um possível elo entre ambas ocorrências tem surgido como lógica aos pesquisadores, que dão agora seus primeiros passos para desvendar esse mistério.

Visitantes levaram pedras do local

Ao longo dos meses após a descoberta, feita em agosto de 2002 pelos funcionários da fazenda,
houve uma verdadeira romaria de curiosos ao lugar. Segundo os empregados, diversas pessoas ficavam vasculhando horas em meio às ruínas e nos arredores. Alguns grupos chegaram a movimentar blocos, promover pequenas escavações e até mesmo levar pedras entalhadas menores que cabiam no porta-malas dos carros.

A justificativa dos visitantes para retirar elementos da ruína beira ao ridículo. Numa ação bem próxima ao vandalismo, essas pessoas buscavam recolher os blocos de corte mais preciso para levar.

Nesta falta de consciência preservacionista, o cenário não podia ter piores atores. Todos os saqueadores eram de classe média alta e com alto grau de instrução,  segundo o capataz da fazenda, Paulo Antônio Morais. E  ainda obrigavam os empregados a ajudar nas remoções.

“A maioria era amiga do patrão”, explica. “Teve gente que saiu como carro cheio de pedra dizendo que se isto aqui for uma pirâmide mesmo elas vão ficar ricas”.

De acordo comos moradores do Bairro das Palmeiras, onde se localiza a fazenda, o dono do lugar é o médico Carlos Frahya, bem sucedido profissional liberal, morador em São Paulo, Ele visita com certa regularidade a fazenda e depois do insucesso de encontrar ouro no lugar, agora pensa em tornar as ruínas uma atração turística. “Eu e outros colegas estamos tentando juntar as pedras que o trator tirou para acertar de novo a pirâmide”, confessa o empregado Paulo Morais.

22 Respostas to “Pirâmide na Serra do Mar”

  1. saulo Says:

    Há algum cientista estudando o sítio pre-histórico ? Onde é possível encontrar alguma foto dessa pirâmide ? Quais as dimensões da construção ? Está toda recoberta de vegetação ? A área pode ser visitada ?

    • julio ottoboni Says:

      Ninguém se interesseou, Saulo. Falei com diversos pesquisadores entre eles arqueólogos independentes e da USP. Simplesmente ignoraram. Algumas fotos eu tenho, posso postá-las. Eu não cheguei a medir a construção, pois não tinha equipamento e o terreno é péssimo, pois está cheio de blocos de granito imensos e a edificação recalcou, quando cheguei até lá um trator de esteira tinha arrebentado o lugar. Agora a vegetação já deve ter tomado toda a região novamente, eu estive no local por 3 ou 4 vezes e da última já era muito dificil encontrar o que restou da pirâmide. Realmente não sei se o dono da fazenda permite o ingresso de pessoas na sua propriedade, eu entrei sem permissão mesmo, acompanhado de um funcionário da fazenda.

    • JULIO OTTOBONI Says:

      O ÚNICO PESQUISADOR REALMENTE INTERESSADO NO ASSUNTO É O ARQUITETO ARQUEÓLOGO CARLOS GOMAR

  2. Lucas Renan Says:

    Sinceramente já faz algum tempo que vínhamos notando algumas formas bizarras em Lagoinha, município que fica perto uns 60 quilômetros do local da tal piramide, nada de tal magnitude, mais pedras cortadas na beira de rio, aterros misterios e montanhas inuzitadamentes piramidais. Também é obvil a falta de interesse dos medalhões da Usp, Unicamp e PUC isso arrasaria seus anos de estudos academicos e levaria historiagrafia moderna por água a abaixo, além claro do temor de serem confundidos com os malucões estilo arquivo X e Mib Homens de preto….
    Poste algumas fotos o povo daqui vai ficar maluquinho….

  3. Ruy Says:

    Julio

    Acompanhei a noticia anos atrás mas perdi os arquivos que tinham as fotos do jornal.

    Teria como vc me enviar as fotos que vc tem ?

    ralbert@zipmail.com.br

    ou

    rdeimos33@hotmail.com

    Abrçs

  4. Celso de Andrade Says:

    Gostaria ds seu contato

  5. mauricio Moya Says:

    Julio.

    Estou postando este caso em algumas comunidades no Orkut, para que mais gente tenha acesso a esta informacao que parece estar suprimida pelo desinteresse.
    http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=15717106

    um grande abraco

  6. Guilherme Roberto Says:

    Qual o nome da fazenda? Tem algum telefone para eu poder entrar em contato com o dono da fazenda? Gostaria de visitar o local.

    meu e-mail é dr4k3r@hotmail.com

    Abraços!

  7. Carlos Perez Gomar Says:

    A Julio Ottoboni

    Eu não acredito no que estive lendo .Que arqueólogos e pessoas ligadas a USP , não tiveram interesse em ao menos verificar o que possam ser esses vestígios !?
    Será porque foi colocada a palavra pirâmide na questão? Qual é o problema ? Não tem a menor importância se é ou não é uma pirâmide. Nota-se que parecem ser lajes de cantaria apicoada . Nesse caso teríamos duas possibilidades. Ou é uma construção de épocas passadas do período colonial que foi soterrada por causas diversas , ate pode ter sido submersa por uma grande cheia do rio Paraibuna, quem sabe quando.Não sei a cota dessa ruína nem se a hipótese de ter sido inundada e viável , mas é uma possibilidade.
    A outra possibilidade e que seja algo sem precedente no território do sudeste brasileiro. E isso precisa ser esclarecido.O problema e que alguém cometeu o erro ingênuo de classificar essa estrutura como” piramide “. Falaram uma das palavras proibidas na arqueologia brasileira .
    A arqueologia brasileira não reconhece arquitetura primitiva brasileira executada em pedra , resolveram que ela não existe. Alias o grande tesão da maioria dos arqueólogos brasileiros são material cerâmico ,sambaquis e cargos no serviço público.É evidentemente que quase todos estão muito ocupados em desenvolver suas teses de mestrado e doutorado , ou garantindo seus postos de professor.E por ahi poderia continuar a fazer varias criticas.
    Ma este desinteresse em esclarecer o caso dessa estrutura , que não deve ser a única na área, esta me incomodando profundamente. E o pior é que esta a mercê de saqueadores . Se isto esta acontecendo agora ,imaginem o que não possa ter sido destruído no passado sem que ninguém tenha podido registrar.E por isso que a nossa pré historia é pouco conhecida . E se faz a afirmação de que no Brasil nunca houve nenhum cultura mais desenvolvida . O engraçado é que não muito longe daqui, em Caral ,Peru esta sendo escavada a cidade considerada a mais antiga da America , com 4.900 anos . Vale a pena ver os vídeos na internet
    Se o assunto de Natividade da Serra foi levado a arqueólogos e eles não se interessaram, fizeram o mesmo papel de um médico ao qual se chama por estar doente ,e ele , de longe, diz que não vai porque você não esta doente. Esta descumprindo seu compromisso social , para não falar em coisas mais graves .
    O assunto deve ser levado a secretaria estadual da SPHAN ( Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em São Paulo. E exigir um parecer técnico . Se eles não fizerem nada é o caso de fazer uma denuncia no Ministério Público que atua nos casos de não cumprimento das leis nacionais.
    Existe uma série de leis que determinam a proteção dos sítios arqueológicos. Não cabe aqui citá-las, são muitas. E ainda deve haver a lei própria para o Estado de São Paulo.
    Esta sendo cometido um crime contra o Patrimônio Nacional. E principalmente contra a comunidade de Natividade da Serra que poderia se beneficiar da valorização de sua própria historia local .
    Estou pensando em algum momento ir ate o local mas esta um pouco difícil, porque eu estou no Rio de Janeiro.
    O que tem que ser feito na área da ocorrência dessas estruturas é um exploração superficial , registrando vários pontos de interesse fotografá-los e mapeá-los. Uma varredura por fotografia aérea no Google earth pode denunciar outras estruturas na área e arredores. Já seria um bom começo, e para isso não seria preciso a participação de arqueólogos de sambaqui. já vi por imagem de satélite, o que parece ser uma estrutura alongada em sentido norte sul com uns 150 m no prolongamento da direção onde o açude acaba numa ponta bem fina , a mais ou menos 300 m alem.
    A dificuldade que estão enfrentando os interessados em esclarecer o assunto é parecida com a minha tentando desmistificar a farsa sobre a Pedra da Gávea aqui no Rio de Janeiro.Cuja verdadeira historia não se consegue visualizar por causa de fantasias lançadas sobre ela.
    Estou mandando um texto dos que escrevi sobre o assunto mas a parte final é a que se aplica em paralelo ao que pode estar acontecendo em Natividade da Serra.
    Vamos a ficar em contato os que estamos interessados . E se ninguém se interessar a nível nacional seria o caso de fazer contato com uma universidade estrangeira. Mas e preciso ter farta documentação fotográfica
    Arquiteto Carlos Perez Gomar pdgaqvea@ig.com.br

  8. Carlos Perez Gomar Says:

    A falsificação da história da Pedra da Gávea e porque Badezir não faz parte dela.
    Estamos assistindo a uma farsa monumental a respeito da Pedra da Gávea fazem 200 anos. Primeiro por falta de conhecimento especifico para interpretá-la e depois por interesses de determinadas pessoas que resolveram reescrever a historia do Brasil de maneira a dar mais peso a suas filosofias. E a farsa que é a lenda oficial do lugar, continua a ser repetida inúmeras vezes. E depois de tantos anos de acompanhar esta montanha não e possível aceitar a versão estabelecida .Está bem claro que há coisas a investigar , mas não tem nada a ver com o que foi dito ate agora , inclusive porque tudo foi elaborado 100 anos atrás e o conhecimento evoluiu .
    O esclarecimento sobre o que seja realmente a Pedra da Gávea ainda está por vir. Ela é indubitavelmente um patrimônio, mesmo que seja apenas natural e temos que preservá-la como ela é. Para a maioria das pessoas tem sido mais fácil dizer que tudo o que vem suscitando nossa curiosidade na Pedra da Gávea é apenas obra da natureza. Explicações geológicas não são suficientes e para qualquer interessado no assunto, menos ainda . Há os que repetem como papagaios as lendas e a velha história sem fundamentos do túmulo do rei Badezir, ou a simplista explicação da erosão, pois é mais fácil do que pensar um pouco.
    Freqüento a Pedra da Gávea fazem 47 anos , dormi em cima 40 vezes em total subi 440 vezes, portanto não sou apenas um turista curioso. Minha formação e de arquitetura e trabalho ,há 40 anos nesta área , mas também em paisagismo, construção civil, restauração e preservação de monumentos históricos. Esclareço isto para justificar que tenho experiência razoável para fazer uma análise do lugar e espero que outras pessoas tenha interesse em esclarecer o assunto. Tenho ouvido as teorias mais estapafúrdias sobre a Pedra da Gávea . Existe um artigo que diz que Bernardo de Azevedo da Silva Ramos traduziu a” inscrição” da Pedra da Gávea em 1963(!). Como ? Ele faleceu em 1931. A”tradução“ foi feita em 1928.
    Em 1841 o Instituto Histórico e Geografico. Brasileiro alem de interessado na Pedra da Gávea também andava interessado no esclarecimento do manuscrito de 1753 , chamado de manuscrito dos aventureiros ,que descrevia uma cidade perdida na Serra do Sincorá, Bahia. Na descrição ,a cidade lembra uma cidade romana porque a entrada se faria por um grande arco ladeado de dois menores ( exatamente o arco de Tito, em Roma) e inclusive financiou o cônego Benigno José de Carvalho e Cunha para que a procura-se. Nota-se claramente que havia um fervor de arqueologia clássica do mediterrâneo , inclusive por influencia do Imperador dom Pedro II, que era um estudioso.
    A Pedra da Gávea que estava mais a mão e despertava muitas lendas ficou na mira. O padre Souto chegou a solicitar, em 1837,ao instituto Histórico e Geográfico Brasileiro a destruição da Pedra da Gávea, para acabar com as lendas do local. Estas são informações de Gerson Brasil em “Historia dos Subúrbios do Rio de Janeiro”. Curiosa essa fúria católica contra a Pedra da Gávea. Uma outra pedra porém menor , já havia sido destruída pelo reverendo Souto, era a Pedra Santa( ou Pedra da Santa) no caminho do Jardim Botânico, na estrada que margeava a Lagoa Rodrigo de Freitas. Esta pedra parecia uma cabeça com um rosto virado para a lagoa. Robert Streatfield fez uma aquarela onde se pode ver claramente.esta formação .Poucos sabem disso.Gerson Brasil não deve ter visto esta aquarela.
    Seria este padre Souto o reverendo Manuel Gomes Souto, empossado com a criação da freguesia de São João Batista da Lagoa em 1809?.Parece que não gostava que seus fiéis andassem com a cabeça em mistérios da terra nativa , só os do Vaticano eram válidos.
    Me pergunto se com essa atitude não se chegou a estimular a destruição de algo que pudesse ter havido no topo da Pedra da Gávea .É mais que evidente que a Pedra da Gávea foi subida por muita gente nos séculos passados, principalmente quando havia alguma ameaça ,como foi o caso das invasões francesas no século XVIII. Desde seu topo pode-se ver o horizonte ate uns 100 km de distancia, principalmente o mar. Conseqüentemente devem ter mexido ou destruído eventuais vestígios de passagens anteriores, quem sabe de quem.Todo seu topo deve ter sido remexido , ao menos superficialmente , e a sucessão de gerações de árvores crescendo e morrendo devem ter destruído mais ainda, qualquer vestígio mais evidente .
    Existe um relatório do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em que conta que uma comissão deste Instituto se deslocou para copiar a inscrição. Este relatório tem a data de 23 de maio de1839. Repare que eles foram em maio ,que é a melhor época para ver a”inscrição”. Ou escolheram a época menos quente e de melhor visibilidade, e acertaram .Tenho quase certeza que eles fizeram as observações desde a atual Villa Riso. Porque com certeza, um grupo de senhores citadinos não iria internar-se nas matas de onde não veriam nada e nessa fazenda devem ter tido o apóio e conforto necessários para analisar as marcas no paredão. Esta fazenda pertenceu ao conselheiro Antonio Ferreira Vianna e era chamada de São José da Alagoinha da Gávea.
    Toda essa trama da inscrição fenícia pode ter sido arquitetada ou forçada , ainda que subconscientemente, com certeza nessa fazenda , porque até Dom Pedro II , frei Custodio (que era conhecedor de línguas antigas ) e o historiador João Capistrano Abreu, freqüentavam o lugar. Quem conhece Vila Riso sabe que a vista da Pedra da Gávea desse ângulo é magnífica. Além de que aproximando-se muito da Pedra, perde-se o ângulo de baixo para cima.
    A historia da tradução da” inscrição” está cheia de dúvidas. Mas chegou em uma hora em que o Brasil estava no meio do redemoinho do estado novo comunismo , nazismo e fascismo todos eles exaltando valores nacionais e isso acontecia no mundo inteiro.
    Por aqui tínhamos a versão brasileira desses nacionalismos que era o integralismo. Um fato como uma origem nobre e de grande ancestralidade para a historia do pais não ia ser deixado sem ser usado por setores interessados em levantar o sentimento nacionalista. Mas havia interesses sectários também.

    No inicio do século XX, Henrique José de Souza ex-empresário que foi muito prejudicado pela primeira guerra mundial, porque fazia muitos negócios com a Europa, teve que dissolver suas empresas desenvolveu outros interesses. Passou a dedicar-se ao estudo de filosofias orientais ,fez viagens pelo mundo todo,incluindo a Índia e o Tibet. Nessa época também estavam em moda os ensinamentos da teosofia européia através de madame Blavatski. Elena Blavatski e outros ocultistas influenciaram bastante o nazismo.

    Seguindo a tendência de valorização da cultura nacional , o professor criou em 1924,a sociedade chamada de Dharana, em Niterói que mais tarde se tornou a Sociedade Teosófica Brasileira e depois a Sociedade Brasileira de Eubiose que existe até hoje
    A Teosofia mistura crenças católicas com conhecimento oculto, budismo, esoterismo e com uma visão de Brasil grande , etc. e o resultado é uma salada espiritual , filosófica e ate política.
    E é preciso entender que dentro de uma formação católica conservadora como deve ter sido a do professor , sempre vão ficar convicções básicas arraigadas, apesar de evoluir para as religiões orientais ou filosofias esotéricas. A partir daí forma-se uma nova corrente filosófica com todas as contradições dos componentes originais.
    Nossos povos de toda a America latina são excessivamente místicos e querem soluções caídas do céu e se não caem ,eles imploram .Na verdade em todo o mundo as coisas são mais ou menos desse jeito. É o acreditar em vez de saber. É melhor saber um pouco do que acreditar muito. E com relação à Pedra da Gávea se tem acreditado muito e sabido pouco.

    Mas como se chegou a essa tradução tão difundida da duvidosa inscrição do paredão leste?
    Bernardo de Azevedo da Silva Ramos não foi nenhum Champollion brasileiro. Champollion teve em mãos uma laje de pedra que estava escrita em três grafias : hierático( grafia dos hieroglíficos ), demótico (grafia popular do antigo Egito),e grego antigo as duas últimas grafias eram conhecidas e ele foi destrinchando as palavras em hieróglifos, teve muita sorte, por ter a pedra de Rosseta nas mãos, e o que ele fez foi uma tradução fundamentada em um texto real existente, também há que agradecer a invasão do Egito por Napoleão.
    No caso de Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, ele interpretou os caracteres que haviam sido copiados a respeito de todo o problema de copiar a” inscrição” com variáveis como sombras e luz rasante, quem sabe como e em que momento. Marcas deste tipo mudam de acordo com a incidência dos raios do sol. Em um momento você julga estar vendo uma letra e depois já não é a mesma . Portanto não pode ter havido nenhuma exatidão nos contornos das letras .Bernardo tinha o hábito de interpretar qualquer marca numa pedra como sendo letras de algum alfabeto , as vezes não se importando nem com a ordem. E tem um detalhe importantíssimo .Que diabo de inscrição é essa que só pode ser lida de binóculo?
    As pessoas no afã e entusiasmo de concluir uma pesquisa se deixam levar por fatos duvidosos. Bernardo , traduziu o que lhe deram. Ou seja, a copia da “inscrição” feita pela comissão 100 anos antes. Bernardo nunca foi ate o topo da Pedra da Gávea, pois se tivesse ido perceberia mesmo num ângulo ruim que aquelas marcas são apenas caneluras verticais do desgaste natural da rocha. E só ver as interpretações da inscrição, que se nota que os traços verticais são muito maiores que os horizontais. No livro de Bernardo a ”inscrição” está mais endireitada do que realmente é . E se formos tentar identificar caracteres de direita a esquerda como seria em linguagem púnica, piorou porque esta parte dos traços está mais desalinhada e apagada .Falando francamente ,foi muita imaginação. E ainda encontrar os nomes de Badezir ,Jetball, Fenícia e Tiro associados ?! Houve algo muito estranho. Más o nome ”Fenícia“ ou “Foenisian“, como literalmente ele traduziu, lança uma grandíssima dúvida sobre a exatidão do que de fato existiria “ gravado na rocha”.
    Mas qualquer um que veja uma estela com um texto fenício autêntico vai perceber que é preciso muita imaginação para dizer quais seriam as letras da inscrição da Pedra da Gávea. Bernardo fez sua tradução em 1928. Ele nasceu em 12 de novembro de 1858 e faleceu em 5 de fevereiro de 1931.Finalmente Bernardo chegou a sua interpretação da inscrição: Tiro Fenícia, Badezir primogênito de Jethball.
    Mas o maior argumento contra esta inscrição é de que os fenícios não chamavam seu pais de Fenícia e sim de Cannan . Só isso põe em duvida toda a tradução. Quem os chamava de fenícios, eram os gregos. A única possibilidade a favor da legitimidade da inscrição e de que um grego tivesse supervisionado a execução da” inscrição” o que já é forçar muito as coisas, e que seria absurdo.
    A cópia dessa inscrição teve que ser feita de telescópio desde São Conrado , para poder dar o detalhe, principalmente dos traços horizontais que são mínimos, se bem os traços verticais tem 2m de altura mais ou menos. Na verdade ,só poderia ser ”lida” por quem tivesse binóculos. Nem fenícios nem vikings tinham binóculos, eu acho. E se for desde o topo da montanha não da para ler nada ..
    O professor Henrique José de Souza resolveu adaptar a tradução de Bernardo da Silva Ramos sobre a inscrição da Pedra da Gávea. Foi exatamente nesse ponto que confundiram ainda mais o problema da Pedra da Gávea. E a reorganizou na seguinte ordem: “Tiro Fenícia Jetbaal primogênito de Badezir”
    ( o professor também ignorou que os fenícios se auto denominavam cananeus ou mais apropriadamente” canani” ou “cunani” ou ”cnani,” e que Fenícia seria” Canan”).
    Disseram que ela se referia a Jetball como filho de Badezir e não ao contrário e que ele tinha uma irmã gêmea Jetball-bel. De onde tiraram isso não sei
    .
    Esse tipo de informação seria quase impossível de conseguir. Se Bernardo já estava imaginando mais do que devia, quando interpretou a” inscrição”, como poderia o professor Henrique José de Souza querer melhorar a tradução? E é preciso fazer mais uma pergunta.

    Porque Bernardo só se interessou em fazer a” tradução da inscrição” em 1928, quando já tinha 70 anos,se ele já a conhecia desde criança?
    Provavelmente porque sabia que aquilo não era nada. Provavelmente foi “empurrado” a fazer aquela tradução , quem sabe porque motivos.

    E há mais coisas suspeitas nesse interesse da Teosófica com a falsa inscrição fenícia. Dizem que Badezir vem de Baal zir e que zir significa senhor ( me desculpem ,mas” sir “ pode significar senhor nas línguas anglo saxônicas, mas em linguagem púnica senhor é mlk ). Dizem que Badezir significa deus maior e trocando Bad por Baal teríamos Baalzir que depois por corruptela passou a Baalzil e posteriormente a Brasil (!?).

    É forçar muito, e sem base. Aqueles que insistem e atribuir aqueles buracos da “inscrição“ aos fenícios deveriam consultar durante alguns anos, livros e assuntos específicos sobre a civilização púnica , para ter alguma informação, e não dizer bobagens.
    O rei Badezir ou melhor, Baaldzor , como a ele se referem Flávio Josefo e Menandro de Éfeso, não foi nenhuma figura exponencial na história da Fenícia, e muito menos fazia parte de elite espiritual como a Teosofia divulga. Fazia parte de uma linhagem de sacerdotes e reis assassinos e assassinados constantemente ,na luta pelo poder.

    É muito possível que a Sociedade Brasileira de Eubiose pretende-se ter um patrono ancestral como a maçonaria tem Hiram Abiff ,o arquiteto (que se confunde com o nome do rei de Tiro na ocasião) e que foi o arquiteto do templo de Salomão, e o grande pedreiro. Não esqueçamos que as Lojas Maçônicas em principio procuram ter uma entrada no modelo do templo de Salomão( pórtico com duas colunas ,chamadas Joaquim e Boaz) esse modelo de portada era também o modelo dos templos fenícios .
    Podem ter tido a idéia de que Badezir seria um similar para a Teosófica do professor Henrique José de Souza , dando a ancestralidade que interessava .

    Já dá para entender porque a Teosófica se baseou em uma referência histórica escassa como a de Badezir. Provavelmente para reforçar e dar legitimidade e ancestralidade nobre e monárquica ao Brasil. Ficaria explicado o interesse da Teosofia na”boa tradução da inscrição”.

    Desconfio que tanto Bernardo como o professor eram monarquistas , ao menos nasceram num Brasil monárquico. Resumindo Badezir é colocado como uma figura altamente evoluída e que teria vindo ao Brasil com uma grande missão espiritual. A verdade sobre Badezir, cujo nome foi grafado erradamente. (porque ele nunca foi chamado de Badezir) é outra.
    E é muito provável que no fundo queriam achar algo mais, no passado brasileiro, do que simples indígenas.

    Na história da Teosófica, Badezir é deposto por um movimento republicano. Isso não é verdade nem tem fundamento porque continuou a haver reis em Tiro depois de Badezir que foi sucedido por seu filho Mattan. que reinou de 853 a 821 A.C. e que foi sucedido pelo rei Pigmalião que reinou de 821 a 774 A.C.
    O que provavelmente desestabilizou o governo de Badezir, se é que aconteceu, foi a pressão assíria e o fato dele ser filho de um usurpador ,Jetbaal , sacerdote de Astarté, que tomou o trono assassinando Phales ,que era o último da dinastia de Hiram, o grande, amigo de Salomão.
    Na verdade ninguém disse que Badezir foi deposto e pelo que Flavio Josefo diz, ele pode apenas ter reinado 6 anos porque morreu com 45 anos.

    Mas chega a ser irônico que a Irmã de Badezir, Jezabel é vista por outros setores religiosos como um espírito demoníaco, o que eu acho ridículo. Foi uma rainha de seu tempo . Governar é uma tarefa penosa, principalmente num pais estrangeiro e de religião diferente das crenças dela. Ela sobreviveu a Achab, rei de Israel , mais quatorze anos se Badezir morreu com 45 anos ela deve ter vivido ate ,mais ou menos os 60 anos. Considerando que Badezir e Jezabel tivessem idades próximas , como irmãos que eram.

    Badezir, como rei e filho de um sacerdote de Astarte que assassinou o rei Phales e assumiu o trono, e totalmente cercado pelo clero de sacerdotes de Baal e Astarte, devia seguir à risca seus preceitos. Que não eram muito civilizados para um espiritualista zen da nossa época. Badezir deve ter participado e assistido a muitos sacrifícios de crianças nas chamas dos templos. Pois era pratica normal. E um rei não poderia fugir disso. Portanto pretender outros tipos de religiosidade para ele, é uma ingenuidade.

    A Teosofia diz ainda que Badezir fundou a cidade de Niterói e que o nome original era Nish tao ram. Provavelmente para, de novo ,dar ancestralidade à cidade onde foi fundada a Daharana , a primeira loja da Sociedade Brasileira de Eubiose.
    Divulgam-se informações, não sei com que fundamento, de que em Niterói foram achadas tumbas fenícias (!?). Não é verdade , se alguém tivesse achado algo parecido haveria mais detalhes e o assunto teria tido mais repercussão. E quem é capaz de reconhecer uma tumba fenícia ou não?
    Muita gente que anda com os fenícios na ponta da língua ,não sabe nada a respeito deles . E no século passado pior ainda .
    Envolveram a Pedra da Gávea num mar de fantasias que e deturpou a legitima interpretação do lugar. E por ignorância muitos continuam repetindo as mentiras. E a maioria dos sites na internet divulgam a informação errada de que Bernardo de Azevedo da Silva Ramos fez a tradução em 1963 ! Foi em 1928.

    Mas está bastante claro que para a Teosofia a deposição e exílio do rei Badezir seria a chave para o que se pretendia.
    Queiram ou ,não cheira a magoa, pela deposição de Dom Pedro II. Que a mim também me parece que foi indevida , considerando o que veio depois.

    Porque não disseram que foi o rei Luli, (outro rei de Tiro que fugiu de verdade) que veio para o Brasil? Evidentemente porque o Brasil não se chama “Lulil,” ou algo parecido, más Badezir, podia ser adaptado até chegar ao nome de Brasil. Continuar a repetir essa versão para a Pedra da Gávea é um acinte à historia do Rio de Janeiro. E se a Teosófica teve outros motivos para divulgar essa versão, não importa, continua a ser uma falsa versão da historia do Brasil. E que nenhum historiador ou arqueólogo sério aceita.

    O historiador que falou do período de Badezir e da linhagem dos reis de Tiro foi Flávio Josefo que escreveu“ Historia dos Hebreus” e conta algumas coisas de seu vizinhos fenícios. Esse livro tem 1600 páginas e pode ser consultado pela internet. Mas muitos nomes são diferentes dos que nos conhecemos. Flavio Josefo conta parte deste período da historia assim:
    “Morrendo o rei Hirão (Hiram), sucedeu-lhe seu filho Beleazar (Baalazar). Morreu na idade de quarenta e três anos,depois de ter reinado sete. Abdastrate, seu filho, sucedeu-lhe e só viveu vinte e nove anos, dos quais reinou nove. Os quatro filhos de sua ama mataram-no à traição, e o mais velho reinou doze anos em seu lugar, Astarte, filho de Beleazar, reinou durante doze anos depois de ter vivido cinqüenta e quatro. Aserino, seu irmão,sucedeu-lhe, viveu cinqüenta e quatro anos e reinou nove. Felete (Phales), seu irmão, assassinou-o, usurpou o trono, viveu cinqüenta anos, mas só reinou oito meses. Itobal (Jetbaal,) sacerdote da deusa Astartéia, matou-o, reinou em seu lugar durante trinta e dois anos e morreu com sessenta e oito anos. Baldozor (Badezir), seu filho, sucedeu-o, viveu quarenta e cinco anos e reinou seis. Madgem (Mattan), seu filho, sucede-o, viveu trinta e dois anos e reinou nove. Pigmalião sucedeu-o e viveu cinqüenta e seis anos, dos quais reinou quarenta e sete e foi no sétimo ano de seu reinado que Dido, sua irmã, fugiu para a África, onde construiu Cartago na Libia.”
    Como vemos os ares do palácio real de Tiro não eram muito saudáveis e as vezes além do vento fresco do mar, também vinha uma punhalada. É claro que é preciso descontar o fato de que viver menos nessa época era normal. Mas a coisa andava no jeito do, “ escreveu , não leu , o pau comeu“. E em muitas ocasiões era melhor ”cair fora “
    Elisa ou Dido, a fundadora de Cartago que era neta de Badezir, fugiu de Tiro porque seu marido havia sido morto por seu irmão Pigmalião, o próprio rei. Autores romanos contam que o marido de Elisa se chamava Siqueu, outros o chamam de Acerbas ou Sicharbas, era sacerdote e um homem riquíssimo, que despertou a cobiça de Pigmalião.
    Era normal não durar muito no trono de Tiro, e não parece que haviam tão elevados sentimentos espirituais, como a Teosofia atribui a Badezir. Não consta que alguém tenha dito que ele era uma exceção. Lembremos que sua irmã Jeszbel não era um “doce de pessoa”, pelo menos na descrição de autores judeus, que não gostavam dela por cultuar deuses fenícios. E a descrevem como de alguma crueldade. Badezir dificilmente seria muito diferente. Com certeza era um homem do seu tempo e de sua cultura .
    Voltando ao trecho onde Flavio Josefo diz : “Baldozor (Badezir ) viveu quarenta e cinco anos e reinou seis”. Se ele soube quantos anos viveu Badezir, está claro que Badezir não desapareceu do Mediterrâneo e veio para o Brasil porque nesse caso Flávio Josefo não ia saber mais nada dele e nem quantos anos viveu. E nem tampouco há alguma referencia de ele ter sido deposto. Mas o fim do reinado de Badezir (853 A..C.) coincide com a batalha de Karkar, onde uma coligação de estados cananitas enfrentou Salmanasar III, da Assíria. Nessa batalha morreu o rei de Israel, Achab, que era casado com a princesa Jezabel, irmã de Badezir.
    Badezir deve ter apoiado com um pequeno contingente militar seu cunhado assim como outros reis cananeus e fenícios fizeram. Na descrição feita na estela Kurkh , por Salmanasar III , se descrevem os contingentes da coalizão contra ele. Mas os nomes estão na versão assíria e alguns são difíceis de identificar com os que conhecemos. Também não da para identificar nenhum contingente militar de Tiro.
    Alguns reinos só participaram com 200 ou 500 soldados.É evidente que os reinos que estavam mais ameaçados pela proximidade dos assírios participaram mais. Foi o caso de Aradus, que iria ser o primeiro a ser engolido por Salmanasar III.
    Se Tiro participou foi com efetivo similar. Alguns cronistas levantaram a dúvida se Josafat, rei de Judá lutou integrado ao exercito de Israel comandado por Achab. A dúvida e levantada porque na estela de Kurkh, Salmanasar III fala que combateu 12 reis mas só faz a descrição de 11, com suas respectivas tropas. Mas a Bíblia conta claramente que Josafat estava presente. Nessa versão os assírios são chamados de arameus.
    Alguns acham que o numero 12 é apenas simbólico, não podendo ser base para tirar conclusões. Mas com certeza a maioria dos reinos cananeus sabiam que essa batalha poderia ser decisiva porque a Assíria ameaçava todos eles.
    Mas poderíamos levantar outra hipótese. Dada a vinculação política e familiar entre as casas reais de Tiro e Israel, na ocasião, poderíamos pensar que o contingente militar tírio , se houve, poderia estaria contabilizado e integrado ao grosso da tropa de Israel. E se esse contingente era considerável, Badezir poderia estar à frente dele.
    Eventualmente poderia ter sido morto em combate,sem que isso tenha sido relatado,ou se foi ,estaria nos arquivos perdidos em Tiro.
    Mas também devemos levar em conta que os tírios eram melhores marinheiros que soldados e com certeza não dispunham de forças militares terrestres consideráveis.
    O fato é que seu reinado cessou nesse ano e seu filho Mattan assumiu o trono com 23 anos. Porque ?
    Na falta de referencias , que se devem ter se perdido com os arquivos reais de Tiro, fica difícil fazer mais especulações.
    Com certeza a partir daí as coisas desandaram para Badezir. Mas porque esse ano coincide com a data do fim de seu reinado? Morreu? Não sabemos.O reinado de Achab acabou ali .Será que Badezir participou da batalha e também morreu nessa ocasião?
    Sabemos que Achab lutou nessa batalha disfarçado e incógnito, porque sabia que seria visado pelo inimigo, e foi ferido na junção lateral da armadura por uma flecha lançada ao acaso. Conta-se que pediu ao cocheiro do seu carro que o retira-se do campo, mas a batalha estava tão renhida que não foi possível retira-lo ate a noite e acabou morrendo por perda de sangue. Se Badezir estava perto de Achab , as coisas não devem ter sido fáceis para ele.O resultado dessa batalha não esta muito claro. Apesar de Salmanasar III cantar vitoria.
    O fato de Badezir só ter reinado seis anos não diz nada de especial porque a maioria de seus antecessores reinaram também curtos períodos. Na lenda da Teosofia Badezir era viúvo . Que diferença faria ?. Cabe a pergunta : Viúvo de quem?
    Esses reis tinham mais de uma esposa. Salomão, que o antecedeu 150 anos tinha 300, fora as 700 concubinas. Dá para imaginar como deveria sofrer Salomão quando as 1000 mulheres saiam para fazer compras. E da para desconfiar porque de 3 em 3 anos precisava mandar uma expedição para Ofir trazer recursos .
    Creio que já temos dados para acabar com qualquer especulação a respeito da vinda de Badezir ao Brasil em” missão espiritual”. Continuar a dizer isso é falta de seriedade. Essa versão pode ter sido suficiente para o público de meados do século passado, mas é ingênua para o público atual, medianamente informado.
    Mas seria interessante pesquisar autores antigos sobre algum dado mais sobre Badezir pelo menos por respeito, já que seu nome foi usado em vão. No livro História dos Hebreus só há uma única citação do nome dele. E evidente que seu nome não era Badezir simplesmente. Parece-me que como Menandro e Flavio Josefo o citam como Baldzor, isso me soa como o nome atual Baltazar. Os fenícios nem sempre escreviam as vogais, e por isso os nomes posteriormente foram sendo usados de várias maneiras. O que pude saber é que Baltazar significa “Baal proteja o rei”. É provável que o nome mais aproximado seria Baaltzor, mas que eles escreveriam: BLTZR. O problema é que quando um autor escrevesse em grego já seria diferente e assim com tantas outras grafias.Parece-me que a tradução mais apropriada do nome seja ”protegido de Baal”, apenas.Não vejo a palavra rei no nome
    .Pelo pouco que sei haveria a hipótese que o nome venha de Baal e tzar ou tzur ,que quer dizer fortaleza. Provavelmente “Protegido de Baal“ é o correto Mas a pesquisa já se torna complicada para quem não é erudito em línguas semitas ,e eu não sou.
    Na verdade sinto-me na obrigação de esclarecer a vida desse homem tão usado ,sem que ele pudesse desconfiar.
    Mas por honestidade precisamos fazer uma ressalva. Flavio Josefo viveu e escreveu entre 38 A.C. a 100 D.C. Portanto 8oo anos depois do período de Badezir, e se baseou em fontes que podiam estar erradas , ou não totalmente certas. Portanto devemos admitir que sempre existirá uma possibilidade de que seus dados não sejam exatamente aqueles que citou .Más Flavio devia ter boas informações porque ele pertencia a uma linhagem de sacerdotes e reis judeus .
    Flávio Josefo se baseou nas cartas de Menandro de Éfeso escritor grego do ano 300 A.C. .
    Na época de Menadro ainda existiam nos arquivos de Tiro cartas da época de Hiram e Salomão e conseqüentemente dados sobre os reis posteriores.

    Sabemos que Jetbaal, também citado como,Ithoball ou,Ethball reinou em 891 ate 859 A.C. Jetball teve dois filhos bem conhecidos por nós ,mas é de supor que tenha tido outros . Eram esses filhos famosos Badezir e Jezabel que casou com Achab rei de Israel de 875 A.C. a 853 A.C., nesse momento as casas reais de Tiro e Israel estavam unidas por esse casamento. Os dois reinados acabaram, em 853 A.C. Salmanasar III , rei da Assíria estava espremendo a Fenícia , Israel e judá.
    Quem assumiu o trono de Tiro foi Mattan que certamente era filho de Badezir reinando de 853 a 821 A.C. Nesse período houve uma série de assassinatos de reis de Israel, Jorão de Israel , Azias de Judá e Jezabel foram assassinados por Jehu que usurpou o trono de Israel.

    Attalia , outra rainha de Judá foi assassinada em 837 A.C . por Joiada em 843 A.C., que era sacerdote e entregou o trono a Joas de apenas 8 anos. Enquanto isso acontecia o rei de Aradus , outra cidade fenícia , era derrotado em batalha campal por Salmanasar III, rei da Assiria.

    Alguns anos depois outro rei de Tiro , Luli quis enfrentar também os assírios,foi cercado algumas vezes na ilha que era a cidade de Tiro más finalmente teve que fugir as pressas para Chipre em 701 A.C.. Existe um relevo No palácio de Senaqueribe em Nínive que mostra a fuga de Luli. Luli era rei e portanto Tiro continuava a ser um reino,e não uma república como a versão da Teosófica diz.

    E é aqui que a historia nos interessa . Luli fugiu com sua corte para Chipre, são 200 kms , ali com certeza lhe dariam abrigo.
    Porque Badezir deposto iria viajar , no mínimo 8000 km para vir para o Brasil, sem conforto algum , numa terra completamente selvagem? Essa viagem seria uma loucura . Teria que ter passado por todo o Mediterrâneo, onde havia dezenas de bons lugares para ficar, chegado a Gibraltar costeado a África até o Senegal e então cruzar o Atlântico , atingindo a costa brasileira , seguir costeando ate chegar ao Rio de Janeiro. Uma viagem dessas seria possível e justificada para um grupo de comerciantes aventureiros, mas para uma comitiva de nobres seria um castigo indizível. Um navio fenício fazia 100 km por dia e então aportava em algum local. Considerando que sempre há contratempos, a viagem levaria uns três meses ,mesmo que na travessia do atlântico obrigatoriamente navegassem, inclusive de noite.
    Condições técnicas para uma viagem destas os fenícios tinham , marinheiros experientes e conhecimentos exaustivos de navegação, também. Com relação a barcos capazes de atravessar o Oceano, há muita coisa pouco divulgada com relação a tamanho , qualidade e tecnologia dos barcos antigos. Não se pode julgar a capacidade deles por parâmetros modernos.
    Que os fenícios possam ter estado no Brasil, é bem provável. Mas Badezir , com certeza não. Ele tinha problemas suficientes na Fenícia e que provavelmente o levaram a morte. E se os fenícios andaram por aqui, com certeza conheceram e estiveram na Pedra da Gávea. Era comum eles fazerem santuários em cima de montanhas , mas sem grandes construções , as vezes sem nenhuma. Mas se estiveram por aqui não iam perder tempo fazendo esfinges ou monumentos , porque não era o objetivo deles.
    E o pior é que o clima de fantasia e falta de seriedade contaminou o assunto Pedra da Gávea. A partir daí qualquer cientifico mesmo o mais ousado se afastou do assunto . Se algum objeto que se relacione com fenícios for achado na área a primeira coisa que vão pensar, e que é uma fraude, ainda que não seja.
    Quer dizer que a Pedra da Gávea não tem mistério algum? Tem sim, e são vários.
    Olhei , estive em frente e vi mais de 400 vezes a cara no paredão . É uma cara, mal feita, é tosca, mas é uma cara. Olhem-na bem, de baixo e de lado e do outro lado , e não apenas de frente. Queriam o que? que estivesse assinada?
    E foi encaixada exatamente no lugar certo para complementar uma cabeça , que provavelmente era natural. E está na posição exata para ser iluminada pelo sol em qualquer época do ano , seu lado direito é muito mais definido que o esquerdo(Lado do nascente). Quem fez ? Os tamoios provavelmente não. Mas eles chamavam a Pedra da Gávea de “cabeça enfeitada”, Metaracanga , que vem de Metara que era o botoque de enfeite usado no lábio inferior e Canga significa cabeça. Parece que também se referiam a Pedra da Gávea como” cabeça de um deus “. Alguma coisa eles sabiam ou tinham ouvido.
    E o portal ? Também olhei , estive em frente e vi ,mais de 400 vezes . Parece um portal, mas pode ser um nicho usado para oferendas e rituais, seja ele natural ou não. É quase certo que não há nenhum túnel atrás dele. Mas como sempre se pode estar enganado, deixemos alguma probabilidade em aberto.
    As vezes as coisas, não são, mas parecem,e acabam sendo usadas como se fossem, o que cria um ponto de culto religioso.E o que quer dizer isso ? Quer dizer que devemos primeiramente procurar semelhanças com locais próximos.
    Caras monumentais na montanha com o mesmo tamanho temos em Ollantay tambo, Peru (Veja a cara de Tunupa ). Portais no paredão da montanha ,temos vários no Peru. Mas o mais significativo e o de Hayu Marca em Puno ou o portal de Amaru Muru que é metade do tamanho do portal da Gávea (que pode ate ser natural, por desprendimento de um bloco)
    E deixo uma pergunta mais. Tupã e Tunupa(deus supremo no Peru) poderiam ter a mesma origem fonética?
    Ambos eram divindades associadas ao raio e trovão .E as caras e os portais tanto aqui como no Peru poderiam ter um mesmo simbolismo religioso? Contatos eventuais ? Origem comum? Também seria bom pesquisar as expedições que o estado incaico realizou.
    Em 1480 o inca Tupac Yupanqui, jovem com 25 anos, fez uma expedição marítima que chegou ate Mangareva na Polinésia e na volta passou pela ilha da Pasqua. Diz–se que levou um exercito com ele. Uns falam em 2 000 homens , outros em 20 000 usaram mais de 200 balsas. E se alguém duvida que os incas estiveram na ilha de Pasqua, veja a arquitetura do muro de Ahu Vinapu, não tem nenhuma diferença com a de Cusco ou Machu pichu, além de que os moai tem as clássica orelhas alongadas típicas das classes mais elevadas do estado incaico. E nas ilhas Novas Hébridas também havia esse costume .
    Por acaso os índios botocudos do Brasil também alongavam as orelhas. . Mas será que não houve expedições terra adentro? Tupac Yupanqui onde ia, levantava templos ou monumentos a Wiracocha ou Tunupa…
    E qual é a verdade sobre os chamados peabirus, caminhos indígenas que se estendiam alem do território brasileiro ?
    Esta na hora de começar a desenvolver essa linha de pesquisa.
    Só trabalho e pesquisas responderão a essas perguntas.Delírios místicos e realismo fantástico não resolveram nada ,nem vão resolver.
    Criaram-se lendas importadas para explicar os fatos , como se aqui nunca tivesse havido gente capaz de realizar trabalhos gigantescos. No fundo fica claro o desprezo pela cultura indígena que predominou no Brasil e na America do Sul. Com exceção de algumas culturas dos Andes, é revoltante o conceito de incapacidade e preguiça que tem sido imputado aos antigos habitantes destas regiões. É muito injusto e uma confissão de que não conhecemos nossa historia ou não nos orgulhamos dela. É muito possível que tenhamos uma historia que não conhecemos. Mas estão nos contado fantasias infantis, e já é hora de parar com isso.
    Carlos Perez Gomar , setembro 2011
    .

  9. Carlos Perez Gomar Says:

    Parte 3 – A Face do Imperador
    Muito provavelmente trata-se da representação de uma divindade, e não de uma representação do rei Badezir.
    Existem ou existiram outras formações onde se pode ver rostos na montanha . Em Franconia estado de de New Hampshire, nos E.U.A. Havia o chamado” velho da montanha” ( the Old Man of the Mountains). Era um perfil de um rosto com 12 m de altura e 8 de largura, más ao que tudo indica foi efeito da erosão pelas geleiras . Foi famoso e visitado até por presidentes da república . Pensou-se, inclusive ,representá-lo na bandeira do estado. Más em 3 de maio de 2003 desabou. Em Ollantaytambo, Peru ,há um rosto no paredão da montanha que é atribuído aos incas ou mais apropriadamente aos collas. Parece haver até dois. Um é o de perfil e o outro é de frente como a Pedra da Gávea . Alguns acham que foi obra inconclusa, ficam colado aos armazéns onde estocavam milho. E até maior que a Face do Imperador . Parece que era idéia associá-lo a ritos relacionados com o solstício de inverno , e mesmo assim há quem ache que é natural. Diz-se que seria a representação de Viracocha o deus supremo ou Tunupa , que era o nome dado pelos collas que dominavam o território antes dos incas . Em cima de sua cabeça há um pequeno templo. Provavelmente sua origem é uma tradição anterior que parece remontar a Thiahuanaco. Também devemos frisar que Viracocha tinha um companheiro alado ,um pássaro …
    Me parece que essa similitude é a dúvida que devemos pesquisar com relação a Face do Imperador. E a”Ibis ”, que com certeza não é íbis, e o Pão de Açúcar e pode fazer parte do contexto .
    No entanto se formos dar crédito a algumas pessoas que acham que solucionam tudo com teorias de sala de aula , fica tudo explicado. A formação da face é porque ó gnaiss dessa parte da montanha, sendo mais fraco que o granito do topo, ao desgastar-se pela erosão, formou o buraco dos olhos e outros buracos . E está resolvido o mistério. Genial !
    Quer dizer que esta mesma erosão que desgastou os olhos esculpiu o nariz e formou até supercílio e maças no rosto ( não devem nem ter observado isso ) não desgastou todo o rosto por igual ,de maneira caótica . E abriu buracos maiores onde seriam os olhos , e deixou menos desgaste onde haveria um nariz .Fantástico!
    Alguns curiosos devem se achar mais apropriados do que os arquitetos para dar veredictos sobre a Face do Imperador, mas não são . Arquitetos tem uma noção um pouco mais apurada sobre forma, volume e detalhe, é evidente. E tenho que fazer mais uma pergunta : Quantas vezes eles olharam , pensaram e repensaram sobre o assunto olhando o local ? Isso é básico para elaborar alguma hipótese. É evidente que houve também erosão, e continua havendo.
    Quando olho para a Pedra da Gávea , vejo uma cabeça e muito claramente uma face, e não me convenço de que a face não haja sido obra humana. Dizer de tacada que é apenas erosão é muito simplista.É próprio de quem não conhece o lugar ou o viu poucas vezes , por mais geólogo que seja .
    Vista de baixo e de São Conrado o que a face nos sugere é muito claro . Trata-se de um homem de barba com uma fisionomia séria olhando em direção a Pedra Bonita ,nota-se um barrete cilíndrico( muitos o descrevem como um capacete). Mas eu não vejo um capacete. Também parece ter algo, como prolongamento das sobrancelhas para cima. Num gesto de severidade. E com toda certeza está nessa localização para poder ser iluminado pelo sol em qualquer época do ano.Algumas pessoas vem um outra cara do lado do mar , mas eu nunca percebi isso
    Há muitas formações no mundo que parecem rostos vistos de determinado perfil, mas não o são se olhados de vários ângulos .A Pedra da Gávea impressiona de vários ângulos. Mas não há dúvida alguma que é uma obra tosca.
    Nos dois traços subindo obliquamente dos dois olhos como se fossem ressalto de sobrancelhas (Imperadores chineses ressaltavam as sobrancelhas, alongando-as para cima). Mas não arriscaria a dizer categoricamente que o rosto seja chinês , ainda que seja um rosto bastante achatado.Os chineses teriam feito um acabamento muitíssimo melhor. Mas pode ser que seja achatado por causa das dificuldades de execução . Isto até poderia ser a razão do nariz ser pouco proeminente apesar de que devemos descontar que já foi muito desgastado. E é evidente que um nariz no rosto de uma face em uma montanha é o primeiro que vai ser atacado pela erosão . Portanto esse nariz defeituoso, está desculpado. Podemos também observar , e isso eu o observei ,hoje dia 18 de junho de 2011 com o sol bastante deitado , que em baixo do nariz , ou melhor onde estaria o a parte baixa do nariz , as narinas ,restam duas cavidades , como se um nariz tivesse sido cortado em 45 graus.Se o nariz tivesse desmoronado ficaria com o mesmo aspecto. Essa observação a fiz estando bem embaixo da Face e junto à Carrasqueira.
    Mas quando se olha a face desde a Pedra Bonita e se esquadrinha com atenção e um bom binóculo, surgem muitas dúvidas . Porque de frente não se tem a noção de profundidade dos traços que se vem de perfil. E o nariz que visto de bem embaixo , no caminho da Carrasqueira parece comprido e razoavelmente elegante . Visto de frente , parece um nariz excessivamente largo , o que deforma a avaliação das proporções da face. Os olhos não chamam a atenção ,o que se vê é um olho maior ,com um buraco a mais dentro dele sem significar nada de especial e o outro formado por dois buracos que não tem muita forma .E se começa a pensar que aquilo não é nada, a não ser acidente da natureza .
    No entanto ao olhar para o supercílio vê-se claramente a separação da raiz do nariz e um bem definido supercílio com as já faladas sobrancelhas severas , para cima . E a dúvida volta a se estabelecer. E a única resposta que me vem a cabeça seria de que é uma obra inacabada ou extremamente antiga , uma coisa que foge às nossas referencias históricas ou até pré históricas . Mas haveria uma outra explicação para essa falta de definição e simetria .
    No caso de ser de fato um monumento, ele e bem grande e um monumento desses ninguém terá condições de vê-lo como se vê uma escultura normal , onde você gira ou circula e tem a noção da terceira dimensão. Quer dizer, consegue sentir as proporções em 3d. Poderia ter sido feito para ser visto principalmente de um determinado setor. E há que considerar que quem por ventura o tenha feito ,também teve extremas dificuldades para executar o trabalho , porque os que dirigiam a obra com certeza não tinham um helicóptero e muito menos um disco voador para andar pelos ares de um lado ao outro dirigindo as proporções , e nem haveria condições excelentes para dirigir o trabalho com boas comunicações, pois tinham que ficar a certa distancia do local.
    Mas devemos reparar que o lado mais bem feito , é o lado que pega o sol nascente tanto no solstício de inverno como no de verão.E nesse caso seria lógico dar mais detalhe a esse lado.
    Qual é de fato o tamanho daquela face ? Se considerarmos desde o supercílio até onde estaria a boca não seria mais do que 80 m de altura. Partindo do principio de que o resto já existiria como formação natural.
    Tem gente que diz que a cara é muito grande para ter sido feita, e por isso não seria artificial. Eu perguntaria : Grande para quem? Isso seria outro problema . A face em Ollantaytambo ,Peru, tem o mesmo tamanho ,e representa o deus Tunupa , do raio e do trovão , divindade dos collas, e está a mais de 100 m de qualquer ponto de onde possa ter sido colocado algum andaime .No solstício de inverno ,21 de junho, os primeiros raios do sol dão no olho desta face
    Na China foi esculpido o Buda de Leshan com 71 metros de altura , com corpo inteiro , num paredão próximo aos rios Ming e Dadu. Sua construção começou em 713 D.C., portanto fazem 1300 anos. Demorou 90 anos para ficar pronto. Motivação : Acalmar as águas dos rios. Simples assim.
    E agora depois de desenvolver este raciocínio , me pergunto. Será a face de um asiático ? Se bem que muitos povos americanos tem traços fortes de características asiáticas.Na verdade são de origem asiática , nas sua maior parte. Vale a pena lembrar o trabalho dos chineses em certo episodio.
    O túmulo do primeiro imperador da China , Chin Shi Huang Di , unificada em 221 A.C., era enorme e demandou trabalhos gigantescos durante 37 anos. Em matéria de área ocupada e elaboração não existe nada parecido a outros túmulos reais no mundo.
    O conjunto todo ocupa uma área de 56 km 2. A câmara principal do tumulo não foi aberta até hoje . Foi detectada por sondagens , como tendo 14 m por 170 m, enterrada a 35 m de profundidade.Está em uma elevação com 45 m de altura.Dentro desta câmara entre outras coisas ,se sabe que deve haver uma maquete representando toda a China de sua época , onde os mares e rios foram feitos com mercúrio,que é tóxico. Foi detectado mercúrio em vários pontos das encostas da elevação onde esta o túmulo e por isto se presume que a câmara já esteja em parte destruída e vapor de mercúrio está vazando . Tudo isto complica uma intervenção dos técnicos chineses, que estão postergando a escavação.Se quiser saber mais, leia sobre o túmulo deste imperador, que é aquele onde foram encontrados os 10 000 guerreiros de terracota .
    Não é que esteja comparando esse tumulo ao trabalho desenvolvido à Pedra da Gávea ,se é que de fato foi esculpida ,são coisas bem diferentes ,mas mostra a determinação férrea de um poder absoluto.Exatamente isto: determinação férrea de um poder absoluto que faz qualquer sacrifício pela auto glorificação, ou a glorificação de uma divindade.A motivação mais provável para a execução da Façe do Imperador pode ter sido religiosa , e portanto seria a representação de alguma divindade, como os tamoios disseram.
    Podemos até especular que se houve uma, ou várias câmaras tumulares na Pedra da Gávea provavelmente elas estão bem destruídas e soterradas até o teto , ou seja ,não podem ser detectadas como cavidades dentro da rocha. Mas também pode não haver nenhuma. Esculpir uma face num paredão não implica em ter alguma tecnologia arquitetônica mais sofisticada.
    Aquela ” expedição de técnicos” em 2009, que levaram 14 horas para subir carregando um GPR(radar de penetração de solo)para procurar câmaras ocas dentro da Pedra da Gávea, foi de uma ingenuidade total . Pior, desmoralizou uma pesquisa que poderia ser séria. E ainda disseram que resolveram alguma coisa .Para mim ,não passou de uma brincadeira. Mais uma vez a montanha foi usada de maneira vil. Pergunto se tinham algum plano prévio de onde iriam fazer as sondagens . Qual foi a teoria para fazer a pesquisa ? Alguém na “ expedição” conhecia bastante a montanha ? Qual a profundidade a que esse radar pode chegar? Quem determinava os locais de sondagem ? Subiram previamente para planejar as sondagens? Havia algum arqueólogo com eles , que ao menos pudesse aconselhar locais prováveis para pesquisas ? Com certeza não.E como última pergunta . Foi feito um relatório detalhado com conclusões?
    Também me passo a perguntar , se essa” pesquisa “, não foi uma maneira de desmoralizar a montanha para ir desfazendo toda a mística e a reverencia que o carioca tem por ela ,mesmo como monumento natural. De maneira a facilitar futuramente” alguém”ganhar uma concessão e aproveitar turisticamente o local .Fiquem alertas . Espero que a SPHAN também esteja alerta.
    No mínimo teriam que ter feito a experiência de, estando no topo da Cabeça detectar a Gruta da Orelha que como todos sabemos,é oca .Só que haveria um problema . Aquele radar só chegava a detectar algo até 15 m de profundidade, numa camada de granito. E até a Gruta da Orelha daria mais de 80 m.
    Mas voltando a Face do Imperador.É muito provável que a montanha já tivesse uma forma propicia para ser aproveitada como monumento,e o trabalho básico pode ter sido concentrado na face . Mas o lugar seria muito difícil de trabalhar , tal como o vemos hoje.Tudo o que estou dizendo, parte do princípio de que a montanha já tinha uma forma propícia para fazer uma face no local onde a vemos,porque logicamente ela foi encaixada no local mais propício e onde a rocha era menos resistente. Quem determinou a localização da face era razoavelmente instruído,com certeza .Teve grande senso de oportunidade e aproveitamento do local. Devia ser arquiteto.
    Não precisariam de milhares de trabalhadores porque não há como locá-los, teria que ser feito com muito menos gente talvez muito menos de um milhar considerando os que trabalhariam nos andaimes e os que dariam apóio desde abaixo .Esculpir aquela face não tem nada de tão difícil.Mas essa observação vale apena para o caso de apenas a face ter sido esculpida, se formos considerar que a montanha sofreu intervenções em vários lugares teríamos que admitir um numero muito maior de trabalhadores. As condições de trabalho , concordo , seriam assustadoras e com muitos acidentes.
    E como estamos especulando sobre hipóteses devemos fazer algumas outras observações .
    Água . Com certeza não era difícil coletar água mesmo no topo da montanha , porque até hoje fazemos isso . E seria extremamente fácil construir reservatórios de capacidade media Inclusive na Chaminé Hungar ,do lado da face ,corre água até hoje e deve ter corrido muito mais, quando havia mais vegetação. Há muitos outros pontos onde temos água , hoje pouca , mas temos.
    Áreas de acampamento. Um pouco mais difícil, mas não impossível . Entre a Carrasqueira e a Praça da Bandeira Há muito lugar para levantar choupanas , razoavelmente abrigadas do vento.No caminho que vem pelo Pico dos quatro,a 500 metros de altura existe uma área semeada de plataformas que são atribuídas a serviços desenvolvidos pela fazenda que tinha sede no fim da estrada Sorimã. Más será que esta fazenda não aproveitou restos de infra estrutura já existentes? Porque inclusive há muitos caminhos pavimentados e até pontes muito rústicas subindo até se perderem soterrados .Diz -se que plantavam café. De fato,é uma área alta , mais ou menos própria para café. Mas quem anda por lá, e estive hoje dia 2 de julho de 2011 na área , se pergunta , que diabo de café vai dar no meio de blocos de pedra . A área esta semeada de seixos de pedra .Nota-se que houve grandes desmoronamentos sobre o que lá existia . Você vem andando ,seguindo um caminho e de repente ele desaparece, soterrado . E porque haveria um caminho empedrado? Sabemos de três coisas que foram retiradas ou cultivadas nessa área : cana de açúcar , café e carvão( queimavam a floresta ).É evidente que o carvão foi o último cultivo.E também está claro que quem explorou o carvão foi uma fazenda já decadente. Nunca esta fazenda teria os recursos de escravos e disponibilidade geral para fazer as obras que podemos ver nesta área.
    Mas existe uma hipótese a mais. Quando eu já andava investigando esta área falei com outro apaixonado pelas incógnitas desta montanha Carlos Manes Bandeira , ele me comentou que naquela área haveria um fortim. Quer dizer uma pequena fortificação. Pode ter havido a instalação de uma bateria ( 5 ou 6 canhões ), mas também não deixou claro o local provável .
    Não entrou em maiores detalhes e infelizmente faleceu pouco depois.
    Foi lamentável porque ele já tinha se prontificado a ir ao local para analisar a situação.É um pouco difícil que houvesse uma bateria no Pico dos Quatro , mas havia com certeza na entrada da Lagoa de Jacarepaguá .O que poderia haver lá em cima, era um ponto de vigilância pois a vista é excelente, e em consequência haveria razoável transito por esta trilha.
    Seria uma boa explicação para fazer um caminho razoavelmente pavimentado porque com certeza eram usadas mulas para carga . Também é certo que foram usadas mulas para transportar sacos de carvão, ou mesmo café .
    Agora voltando do Pico dos Quatro para a Face do Imperador.
    Em principio qualquer vestígio de tudo o que possa haver existido foi destruído e soterrado pela floresta em centenas ou milhares de anos ( se não foram milhares de anos a deterioração deve ter sido menor). Em terras ácidas e clima tropical , como é o caso ,a sucessão de gerações de árvores crescendo e morrendo umas sobre as outras destroem tudo.
    Com certeza havia mais solo na base da Barba do Imperador, é possível que até se pudesse chegar na Gruta da Orelha caminhando desde a Carrasqueira . Como já disse anteriormente as chuvas torrenciais estão levando todo o solo ladeira abaixo e considerando isto ,podemos calcular e a enorme perda ao longo dos séculos .Quando desenvolver a parte referente à Mesa do topo da Pedra da Gávea veremos quantos deslizamentos houve levando enormes partes da área que era bastante mais plana que hoje. Inclusive podem ter levado vestígios importantes.
    Havia uma enorme floresta a disposição ali mesmo com árvores gigantescas. Alguém duvida? Material básico para fazer andaimes estacas , escadas etc. portanto ,condições físicas para trabalhar a Face do Imperador existiam. Mas faltam algumas coisas : determinação , poder , os trabalhadores e a motivação. E com relação a estes itens não posso adiantar nada,apenas supor que tenham existido. Mas sigamos enfrente raciocinando .
    A face se apresenta ou inacabada ou muito destruída . Se está inacabada , poderia também ser o caso de ter sido feita para ser vista de apenas um ângulo, e o resto seria de importância secundária. No entanto parece-me que ninguém se daria tanto trabalho para fazer meia face .
    A outra possibilidade é que seja muito mais antiga do que se pensa e esteja sofrendo a intempérie há muitos milhares de anos e por isso já não tem quase nariz .Assim como outras sugestões que parece haver em vários pontos da face estariam muito apagadas .Nesse caso estamos colocando a Pedra da Gávea num contexto totalmente desconhecido para nós. E não ousaria especular mais nada , enquanto outras evidências não se confirmem.
    Não temos informação concreta de que tenha existido aqui no Rio de janeiro uma cultura capaz de haver esculpido a Face do Imperador. Mas não esqueçamos que como eu lembrei na Parte 1 destes textos, o litoral do Rio de janeiro já esteve na altura das ilhas Cagárras ou além e pode ter havido centros populacionais que hoje estão abaixo do mar. O que deixa uma lacuna em qualquer conclusão que possamos admitir. Devemos lembrar que no caso da esfinge de Gizé , há dúvidas de que Kefren a tenha feito , e muitos acreditam que ela seja mais antiga e ignoram quem a fez.
    E, por favor, não puxem novamente o coringa dos extraterrestres. Se os extraterrestres tivessem um pouco de vontade e interesse, já teriam botado esta bagunça ,em que vivemos dentro dos eixos ,há muito tempo. Na verdade é provável que estejam fazendo falta.
    Portanto pode ter havido ou passado por aquí uma sociedade humana da qual não tivemos noticia até agora .
    Também teríamos a possibilidade da passagem ocasional de uma cultura que aqui chegou de passagem mas não permaneceu , ou de outra população que depois tenha emigrado ou tenha sido totalmente absorvida pelos que chegaram depois . Estas migrações são uma constante na historia humana . Portanto seria uma boa explicação. Haveria que achar uma conexão com alguma outra cultura americana .E nesse caso vai ser bem complicado. Porque não temos artefatos (cerâmicas , objetos de pedra, etc.), com os quais comparar e fazer uma tipologia. Porque ninguém teve nem interesse nem c onstância ,nem peito para fazer escavações técnicas na área. Só ficaram falando, ou foram brincar com o G.P.R.( Ground Penetrating Radar )
    Arqueólogos de verdade ainda não entraram na área. Porque foi transformada em área maldita pelas besteiras que até hoje foram divulgadas sobre o lugar.
    Pequenas escavações bem direcionadas poderiam dar elementos para dar identidade a grandes monumentos enigmáticos, como é o caso. A única solução para esclarecer as coisas serão escavações bem objetivas e localizadas, principalmente em locais onde se presume que hajam sido jogados detritos .Será um trabalho pesadíssimo porque haverá que escavar profundamente, removendo muito detrito recente.Não vai ser com excursões domingueiras que o problema será esclarecido. Quando os primeiros escaladores chegaram nos Olhos podem ter encontrado pedaços de pedra que pareceriam naturais , más que podem ter sido ferramentas ,nunca vamos a saber ao certo porque para identificar uma pedra que foi ferramenta é preciso conhecimento especifico.Quem já tenha trabalhado com material lítico sabe disso.
    Em alguns artigos na internet dizem que as grutas que formam os olhos são duas profundas cavernas que vão até o interior da pedra . Não é verdade.O olho esquerdo de quem está olhando a face é grande e o direito é pequeno, constituído por dois buracos. Este fato levantaria enormes dúvidas de que a face seja obra humana tudo dá a idéia , de que não tenha sido acabado, e nenhum dos olhos tem grande profundidade.Mas a face tem um supercílio bem definido e uma separação na raiz do nariz que pode ser vista em fotos tiradas bem de baixo da cara , na trilha indo para a Carrasqueira. É desse ângulo se nota até a saliência discreta dos pômulos da face. Também pode ser notado o relevo que sai obliquamente do canto do olho em 45 graus , como se fosse um cílio prolongado. Agora, todos estes detalhes para serem notados, dependem de luz favorável porque muitos estão extremamente desgastados . E isto nos poderia levar a pensar novamente na possibilidade da extrema antiguidade da Face do Imperador.Ou é uma obra inacabada? Ou a intenção seria ser assim mesmo para ser vista em determinada época e incidência dos raios do sol? É preciso fazer observações no dia 21 de junho (solstício de inverno ,por aqui), e ver, estando em cima da Cabeça ,onde nasce o sol .Também ver ,desde mais longe, se há algum efeito especial ao nascer o sol sobre a Face do Imperador.Outra data importante seria dia 21 de dezembro ao nascer do sol. Verificando os primeiros raios de sol que incidirem na montanha , pelo lado leste.
    Na Face não se nota boca . Mas é claro que uma boca para efeito de representação é constituída de apenas pequenas protuberâncias , que são os lábios , e com certeza foram erodidos há muito tempo. Já vi na internet gente interpretando isto como um sinal de mistério que a montanha não quer falar. Isso é bobagem .Ou mesmo pode nunca ter tido boca .
    Todos estes sinais de extremo desgaste aumentam a possibilidade de extrema antiguidade do monumento . Não acho lógico que possa ter sido feito por fenícios no ano de 856 A.C., e de novo somos jogados a um contexto totalmente desconhecido. E para falar categoricamente , se os fenícios ou outra cultura do Mediterrâneo tivesse feito este monumento haveriam vestígios de sobra de trabalhos com uso do esquadro e inscrições muito claras.O que é inacreditável é que pessoas que tiveram razoável informação sobre as civilizações clássicas e mediterrâneas , olhem para a Face do Imperador e a achem, obra dessas civilizações.
    Porque é o caso de usar um pouco a inteligência e ver que não se enquadra nesse padrão .
    Alguém conhece uma face parecida na área do Mediterrâneo ? Que eu saiba, não.E a esfinge de Gizé não tem nada a ver. Mas na America do sul,sim, há similar.
    Porque ainda se insiste na teoria fenícia ? Na teoria viking, que é mais absurda ainda, e outras . Não percebem as possibilidades de ser uma obra tipicamente americana? Inclusive com todos os defeitos que uma obra desse tamanho pode ter. Além do mais, porque com certeza os escultores não freqüentaram a oficina de Fídias , nota-se que houve dificuldades de execução, tanto pelas condições de trabalho como pela falta de técnica dos executores. E o resultado não poderia ser diferente.Sem dúvida alguma foi feita para ser vista desde o lado leste, principalmente.E se quisermos jogar um pouco mais de lenha na fogueira poderíamos dizer que é verdade que a montanha toda” lembra” um touro alado da Assíria ,quando vista do leste. E nesse caso não teria nada a ver com uma origem americana. Mas é bom lembrar que na área do Mediterrâneo e Oriente Próximo não existe nenhum monumento dessas dimensões.Portanto não há similar no velho mundo.
    Está na cara , literalmente, que temos que achar outras soluções. E muito provavelmente serão autenticamente americanas.Mas muita gente colocou como primeira hipótese teorias esotéricas , extraterrestres civilizações mediterrâneas . E até Von Däniken e Uri Geller deram palpite . Uri Geller diz que sentiu que houve sacrifícios humanos na Pedra da Gávea . É provável que tenha acertado. Os sacrifícios humanos eram bem freqüentes nas culturas americanas mais antigas, infelizmente.
    Quando os tamoios disseram que era a “cabeça de um deus” ( metaracanga), foram curtos e objetivos , era isso mesmo, pois era o que até eles chegou.E essa explicação deles é muito mais importante do que se pensa . Podem ter resolvido o mistério ali mesmo. Só que eles não tiveram oportunidade de falar muito mais , se é que sabiam muito mais.Inclusive porque, com certeza ,era uma obra anterior a chegada deles a estas terras.
    Ninguém levou a sério a explicação deles !! E era tão simples.
    Mesmo que tudo o que vemos na Pedra da Gávea seja natural , o que acho difícil,com certeza inspirou sentimentos de reverência religiosa a todos os povos que aqui viveram.
    Falta analisar o que parece ser um relevo no barrete ou testa do imperador que está muito apagado e só pode ser notado com luz rasante.Desde a Pedra Bonita é um bom ponto de observação. Com a luz do fim da tarde em maio ou junho. Estive hoje dia 25 de junho de2011 na Pedra Bonita para ver mais detalhes da face e observei bem esse relevo. Na verdade se nota que está escavado , ou seja é uma reentrância .Parece um hexágono com dois de seus ângulos mais pontudos , um para cima e outro para baixo .Outra pessoa viu um sol . Ainda não pude certificar-me disso , que inclusive faria mais sentido.Mas não está centrado simetricamente sobre o barrete ou a testa , como queiram. Este baixo relevo fica um pouco deslocado para o lado da Barra da Tijuca . Será que é para atender a uma exigência especifica da incidência dos raios do sol ? Poderia ser o caso que em determinada época possam ser vistos mais detalhes nesse” emblema “. Será preciso observar com freqüência durante o ano todo.
    Tive a curiosidade de fazer uma série de fotos seguidas da Cabeça do Imperador no dia 21 de dezembro exatamente no momento do solstício de verão e pude observar que no momento exato em que o sol esta no ápice a Cabeça do Imperador está delimitada exatamente pela única sombra que se vê na montanha .Isto acontece porque a testa, ou o barrete está ligeiramente inclinada para frente produzindo este efeito.Terá sido proposital ?
    Como teria sido a execução da face do imperador?
    Agora vamos a voar novamente , porque creio que é um exercício necessário, é como a reconstituição de um crime. Ao fazê-la podemos ter a chance de notar as falhas da teoria.
    A verdade é que o crime que esta acontecendo é a pouca importância que tem sido dada a esta montanha até agora.
    Primeiramente foi preciso tosar a floresta para preparar madeira para escadas e andaimes .Depois foi preciso levantar a estrutura de madeira com os andaimes ,quem sabe até que altura , ainda que o terreno estivesse nessa época muito mais alto, ou seja a distancia entre as sobrancelhas da face do imperador e o sopé do terreno seria muito menor. Mas considerando que as árvores da floresta existente na época deviam ser bem grandes isso não deve ter sido problema , deve ter sido necessário achar alguma maneira de ancorar os andaimes ao paredão. No melhor dos casos estaria amarrado a alguns pontos apenas, o que não deve ter sido muito seguro. Mas considerando que haveria abundância de troncos seria possível escorar os andaimes bem de abaixo, encostando troncos inclinados junto a rocha. Seria um trabalho tremendo, más não impossível.
    Voltando a face do imperador. O primeiro trabalho, já nos andaimes deve ter sido o de furar buracos na vertical , para enfiar estacas de madeira que quando umedecidas iam fraturando a rocha. E nesse processo haveria um grande risco , porque eventuais pedaços de rocha maiores ao se soltarem poderiam destruir parte do andaime. Com certeza morreu muita gente.
    Depois do trabalho de desbastar a rocha com a introdução de estacas , deve ter sido usado o sistema de picotamento e polimento de pedra com pedra ( parecido com o que foi usado nos moai da ilha de Páscua e em geral ,no Peru.)Existem marcas no paredão entre a chaminé Hungar e a témpora da Face do Imperador ,parecendo restos do que sobrou de buracos verticais como de extração de rocha . Más é preciso verificar com muito cuidado sua origem.
    Más fica uma pergunta . Porque fazer um buraco tão grande no olho direito ? Seria para colocar outro tipo de material ? Isso foi feito em outros lugares mas aqui provavelmente não. Mais provavelmente foi para dar um bom efeito de sombra com luz rasante no amanhecer de 21 de dezembro. E finalmente volto a lembrar a cara na montanha ,existente em Ollantaytambo , Peru. Que é um similar de trabalho de uma cultura americana. E isto não deve ser desprezado.
    Seria muito interessante se , a partir de fotos feitas de vários ângulos pudéssemos montar em computador a imagem em 3D , volumétrica, da Face. Então teríamos uma idéia melhor de suas verdadeiras proporções..
    Também ,acredito que a Pedra Bonita está relacionada com a Face do Imperador, com toda certeza. É preciso investigar mais a Pedra Bonita.Na parte mais ao oeste do topo da Pedra Bonita há uma pequeno lago que fica sempre com um pouco de água. O que nos diz que ali há uma depressão na rocha, considerável, conseqüentemente deve haver um acúmulo de material orgânico e possibilidades de escavar. E como última observação devo lembrar que a Ibis do Pão de Açúcar está na mesma orientação que a Face do Imperador, virada sempre para o sol ,mesmo no solstício de inverno , o dia em que o sol está mais deitado para o norte. Haveria que observar o nascer e o por do sol durante um ano inteiro para ver se algum dia o contorno da íbis é mais sugestivo. Algum interessado que more na praia do Flamengo poderá fazer este estudo. E não esqueçamos que a tradição diz que Viracocha ou Tunupa era nômade, barbudo e era acompanhado por uma ave divina. Haveria que analisar também se Tunupa e Tupã foneticamente não tem a mesma origem.Tanto um quanto o outro eram considerados como deuses do raio e do trovão.De novo penso ,se não há uma origem comum dessa tradição . Era muito comum misturar as divindades dos povos dominados com as divindades do dominador. E está montada uma belíssima charada.
    É evidente que se admitimos a hipótese de que a Face do Imperador foi trabalhada , teríamos que aceitar que aquela chamada” íbis” não é acidental. Porque , inclusive os buracos que vemos no Pão de Açúcar e que formam as patas da Ibis , estão exatamente onde deveriam estar. Que erosão bem comportada! Curiosamente é uma tremenda”erosão” localizada, que deixou intactas as superfícies do lado. Más a idéia para a maioria dos cariocas é de que aquilo é natural , simplesmente. Alguma coisa está errada. Provavelmente essa falta de interesse e curiosidade seja por culpa da falta de informação sobre o passado do Rio de Janeiro.
    Mas isso não tem lógica? Ela é muito grande ! Dirão alguns. Grande para quem? Esses são os mistérios.
    E tudo o que foi dito acima , é o que parece,Não poderia ser categórico em nada , apenas tento” levantar a lebre”, até termos novos dados .
    Carlos Pérez Gomar 19 de junho 2011

  10. Carlos Perez Gomar Says:

    Sr Julio Ottoboni :
    Eu não acredito no que estive lendo .Que arqueólogos e pessoas ligadas a USP , não tiveram interesse em ao menos verificar o que possam ser esses vestígios !?
    Será porque foi colocada a palavra pirâmide na questão? Qual é o problema ? Não tem a menor importância se é ou não é uma pirâmide. Nota-se claramente lajes de cantaria apicoada . Nesse caso teríamos duas possibilidades. Ou é uma construção de épocas passadas do período colonial que foi soterrada por causas diversas , ate pode ter sido submersa por uma grande cheia do rio Paraibuna, quem sabe quando.Com a região era erma pode nem ter sido registrado .Não sei a cota dessa ruína nem se a hipótese de ter sido inundada e viável , mas é uma possibilidade.Nota-se muito barro e seixo rolado no terreno e não devemos esquecer que São Luis do Paraitinga , que fica perto e tem topografia parecida ,foi inundada ano passado.E mesmo que seja uma estrutura antiga pode ter sido destruída e abandonada por motivo similar.
    Pelo que se pode ver nas fotos , o corte de pedra não parece tão perfeito para dizer que se pareça ao tipo de acabamento chamado de” inca imperial”. Mas em outra foto parece alvenaria de pedras irregulares com argamassa. Nesse caso poderíamos admitir um paralelo com alvenarias pré-incaicas , tais como as de Caral e Chavin.
    É uma suposição atrevida, apenas.
    Outra possibilidade é que seja algo sem precedente no território do sudeste brasileiro. E isso precisa ser esclarecido.O problema e que alguém cometeu o erro ingênuo de classificar essa estrutura como” pirâmide “. Falaram uma das palavras proibidas na arqueologia brasileira .
    A arqueologia brasileira não reconhece arquitetura primitiva brasileira executada em pedra , resolveram que ela não existe. Alias o grande tesão da maioria dos arqueólogos brasileiros são material cerâmico ,sambaquis e cargos no serviço público. É evidentemente que quase todos estão muito ocupados em desenvolver suas teses de mestrado e doutorado , ou garantindo seus postos de professor.E por aí poderia continuar a fazer varias criticas.
    Ma este desinteresse em esclarecer o caso dessa estrutura , que não deve ser a única na área, esta me incomodando profundamente. E o pior é que esta a mercê de saqueadores . Se isto esta acontecendo agora ,imaginem o que não possa ter sido destruído no passado sem que ninguém tenha podido registrar.E por isso que a nossa pré historia é pouco conhecida . E se faz a afirmação de que no Brasil nunca houve nenhum cultura mais desenvolvida . O engraçado é que não muito longe daqui, em Caral ,Peru esta sendo escavada a cidade considerada a mais antiga da America , com 4.900 anos . Vale a pena ver os vídeos na internet
    Se o assunto de Natividade da Serra foi levado a arqueólogos e eles não se interessaram, fizeram o mesmo papel de um médico ao qual se chama por estar doente ,e ele , de longe, diz que não vai porque você não esta doente. Esta descumprindo seu compromisso social , para não falar em coisas mais graves .
    O assunto deve ser levado a secretaria estadual da SPHAN ( Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em São Paulo. E exigir um parecer técnico . Se eles não fizerem nada é o caso de fazer uma denuncia no Ministério Público que atua nos casos de não cumprimento das leis nacionais.
    Existe uma série de leis que determinam a proteção dos sítios arqueológicos. Não cabe aqui citá-las, são muitas. E ainda deve haver a lei própria para o Estado de São Paulo.
    Esta sendo cometido um crime contra o Patrimônio Nacional. E principalmente contra a comunidade de Natividade da Serra que poderia se beneficiar da valorização de sua própria historia local .
    Estou pensando em algum momento ir ate o local mas esta um pouco difícil, porque eu estou no Rio de Janeiro.
    O que tem que ser feito na área da ocorrência dessas estruturas é um exploração superficial , registrando vários pontos de interesse fotografá-los e mapeá-los. Uma varredura por fotografia aérea no Google earth pode denunciar outras estruturas na área e arredores. Já seria um bom começo, e para isso não seria preciso a participação de arqueólogos de sambaqui. já vi por imagem de satélite, o que parece ser uma estrutura alongada em sentido norte sul com uns 150 m no prolongamento da direção onde o açude acaba numa ponta bem fina , a mais ou menos 300 m alem.
    A dificuldade que estão enfrentando os interessados em esclarecer o assunto é parecida com a minha tentando desmistificar a farsa sobre a Pedra da Gávea aqui no Rio de Janeiro.Cuja verdadeira historia não se consegue visualizar por causa de fantasias lançadas sobre ela.
    Vou remeter tambem um texto dos que escrevi sobre o assunto mas a parte final é a que se aplica em paralelo ao que pode estar acontecendo em Natividade da Serra.
    Vamos a ficar em contato os que estamos interessados . E se ninguém se interessar a nível nacional seria o caso de fazer contato com uma universidade estrangeira. Mas e preciso ter farta documentação fotográfica
    Arquiteto Carlos Perez Gomar pdgaqvea@ig.com.br

    • JULIO OTTOBONI Says:

      Carlos,

      por incrível que pareça nenhum ‘cientista’ se interessou pelo assunto, nem mesmo os arqueólogos- que só seguem até os lugares que surgem se houver financiamento ou possibilidade deste. Contatei diversos, tanto da USP como historiadores com reconhecimento no meio etc. Apenas o professor Gaudino se dispôs ir comigo novamente ao local,alguns anos atrás, e as condições do sítio eram precarísssimas. Não creio que uma cheia possa ter causado a erosão ou mesmo formado o amontoado de pedras, que eram muito bem recortadas e consegui vê-las pela primeira vez em 2003, quando trabalhava no Inpe e o geogolo Paulo Roberto Martini recebeu algumas fotos do local. Fui o primeira a pisar no alto deste morro composto por pedras empilhadas com argamassa, imensos blocos, impossíveis de serem transportados até aquela altura por qualquer fenômeno natural, além dos cortes simétricos. A parede que foi descoberta com a retirada da terra e estava ainda intacta, muito bem construída. Eu com uma barra de ferro consegui bater contra os tijolos e era notado o eco no interior da uma possível camara. Infelizmente, hoje com mais de 8 anos do evento, soube que nada restou.

      O dono do local foi tomado pela ‘febre do ouro’, mandou escavar o lugar, depois que só encontraram um vaso na base de uma das pilastras de sustentação, desistiu e depois, com medo de perder parte do terreno, mandou
      destruir o que havia. Eu visitei por 4 vezes o lugar, em diversas oportunidades, e vi o estrago e o descaso dos nossos pseudos cientistas. Hà sim palavras proibidas neste meio, eu sou prova viva disto. Fui o primeiro jornalista científico do país a dizer que o Brasil tinha tornados e tanto eu como minha fonte, fomos satirizados pelos os pesquisadores que hoje fazem parte do IPCC, que isto era impossível e sem evidência científica. Anos mais tarde, somente apos uma tese de doutorado de um aluno da USP, mostrando que um F-4 atingiu Itu em SP que nossos meteorologistas passaram então a creditar e acreditar na existência de tal fenômeno.

      Estou buscando o restante das fotos que tenho aqui e lhe postarei. Hà várias com o professor Gaudino que formulou uma teoria exótica, sobre o caminho do Sumé ou peabiru o qual há evidências da existência na região, a poucos quilômetros do local, em Ubatuba e em Cunha. Criei esse blog para arquivar minhas reportagens e os mais interessados fazem como vc, me contatam. Então faço questaõ de atender e passar todas minhas fontes de informação.

      abs

      Júlio

  11. Carlos Perez Gomar Says:

    Julio Ottoboni

    Apesar de que tudo parece que foi destruído , algo deve ter ficado. E nos arredores deve haver outras estruturas , e não deve ser impossível achá-las. Como eu disse, na fotografia de satélite há uma formação a 300m da ponta mais fina do açude correndo de sul a norte ,parecendo um terraço e acabando em ângulo reto. Se estende por uns 150 m .
    Põe no Google : Panorâmio , Bairro das Palmeiras , Natividade da Serra . Você poderá ver o mapa de satélite, vai ate o fim do açude em direção oeste antes de chegar a um caminho onde se vê o que parece ser um pontilhão no que parece ser um riacho que vai ate a cachoeira. Aumenta o zoom. Tem alguma coisa ali.
    Se você pudesse me mandar a posição onde estava o monumento seria interessante e se eu puder ver as fotos dele antes de ser destruído seria bom. Pelo que posso concluir parece que o local do monumento é um morro e fica a uns 250 metros desse riacho.
    Com relação ao vaso que teria sido achado , ele poderia dar muita informação, o que aconteceu com ele ? Podia ter sido a chave. A arquitetura do muro talvez possa dizer alguma coisa.
    Colocava-se um vaso com objetos ou moedas em alguma parte da fundação, com testemunho e isso foi feito tanto no período colonial como ate pelos cartagineses .
    Esse assunto esta me intrigando e se puder vou mexer nisso . Hoje telefonei para o hotel Fazenda consultando o serviço deles , ainda que eu não possa ir de imediato.Falei com um senhor de nome Carlos . Será o mesmo que desmontou o monumento? Não toquei no assunto das ruínas.
    Não me conformo com que esse assunto esmoreça por causa da ignorância e da insensatez do dono do terreno .
    Abraços Carlos Perez Gomar

    Tentei responder pelo email , mas voltou.

  12. Carlos Perez Gomar Says:

    Julio Ottoboni Mando um texto informativo de estudos que estou fazendo aqui no Rio de janeiro. Faz o uso que voçe quizer

    A possibilidade inca e a Pedra da Gávea

    Para entender o sentido deste texto é e preciso conhecer certos monumentos no Peru. No mínimo a face de Wiracocha em Ollaytaytambo e o Portal de Hayumarca, entre outros.
    Pode parecer uma idéia extremamente ousada , mas depois de descartar a batida hipótese dos fenícios do rei Badezir, pode não ser. Na realidade seriam duas hipóteses. Uma, os fenícios com visitantes destas plagas, coisa bastante viável . Mas a segunda hipótese ,do rei Badezir é muito mal fundamentada.Que alias esta baseada num fato totalmente falso, como é o caso da “inscrição”, no paredão leste, que nunca foi inscrição , e que passou como tal porque nenhum dos que se envolveram com ela esteve no local, ou a viu de perto
    E vamos descartar outras hipóteses que já foram levantadas com total desconhecimento de contextos culturais e cronologias.
    A hipótese inca apesar de parecer excessivamente ousada, não é. Desde que a premissa de que a face da Pedra da Gávea e a Íbis do Pão de Açúcar sejam obras humanas, esteja certa.
    As peças desse quebra–cabeças parecem se encaixar muito bem, ao menos para mim que venho estudando o assunto há muito tempo.Tudo foi tomando forma devagar. E já neste momento não vejo outra hipótese mais viável. Ainda que possamos sentir ou pareça ter algumas falhas.
    O que me surpreende e que esta hipótese não tenha sido levantada anteriormente. Atribuo isso à pouca divulgação da pré história sul americana tanto no ensino como na população em geral. Me lembro que no ginásio comecei a estudar história de America , o que para mim era interessantíssimo . Mas para a maioria da sala era uma chatice. Mas pré historia sul americana era difícil ate de ouvir falar. E os livros que circulavam e que despertavam maior interesse eram os de idealistas porem pouco fundamentados em fatos comprovados, com os de Marcel Homet , Ludwig Schwenhagen e mesmo Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, autores que sempre achavam culturas de outros continentes para explicar as coisas.
    Com relação aos incas não havia muito interesse provavelmente porque eram passado de povos “subdesenvolvidos”.Era mais bonito ler” Deuses Túmulos e Sábios” de C. W. Ceram” e ” A Bíblia tinha razão”.
    Se houve, por aqui, interferência de culturas do velho mundo num passado mais remoto, é uma questão perfeitamente admissível. Mas nem tudo deve ser lançado a esse passado não muito claro. Por outro lado eventuais vestígios que possam ter subsistido nos últimos 500 anos em áreas rurais do Rio de Janeiro com certeza foram destruídos pela população sem ter a menor noção do que seriam. Os primeiros habitantes de origem européia que andaram por estes sertões com certeza nem sabia ler, nem tinha a menor instrução para discernir nada ,além de serem quase todos analfabetos e estarem totalmente isolados do mundo um pouco mais instruído. Ou alguém acha que seriam mestres em antropologia ou arqueologia?
    Muitos anos depois com a retomada do orgulho e dignidade dos povos sul americanos a situação começou a mudar, e passou a haver maior interesse nas culturas autóctones. .
    O quadro do que nos vemos na Pedra da Gávea e diria também no Pão de Açúcar com sua Íbis, que não deve ser Íbis, se enquadra muito bem num determinado, período do estado incaico, a fase de expansão de1438 ate a queda de Atahualpa em 1533. Para ser mais exato deveríamos nos limitar ao fim do governo de Huayna Capac em 1525.É um período de menos de 100 anos.
    No livro Ethnologia Brasileira (1888), Sílvio Romero refere-se a um machado de bronze, descoberto na Ilha da Ribeira, em São Paulo. O arqueólogo Luis Galdino no seu livro Os Incas no Brasil (2002), acredita que estes e incontáveis outros machados de cobre, bronze e prata descobertos de São Paulo ao Paraná, são de origem inca, cujo império teria estendido seus domínios ao Brasil antigo.Os incas usavam o machado tanto ceremonialmente como arma de guerra
    Portanto já há bastantes desconfianças de que pode ter havido uma presença inca no Brasil e na região sudeste. Também foi achada uma construção em cantaria de granito em Natividade da Serra , São Paulo que não pode ser identificada como colonial , infelizmente foi em parte destruída. Mas quem quiser ver as fotos pode entrar no site “Jornalismo Ciência e Cia do jornalista Julio Ottoboni.
    Para dar melhor idéia das cronologias ,abaixo esta a lista dos soberanos incas e seu período de reinado aproximado.
    • Reino de Cuzco
    o Dinastía Hurin Cusco:
     ~1200 – ~1230: Manco Cápac
     ~1230 – ~1260: Sinchi Roca
     ~1260 – ~1290: Lloque Yupanqui
     ~1290 – ~1320: Mayta Cápac
     ~1320 – ~1350: Cápac Yupanqui
    o Dinastía Hanan Cusco:
     ~1350 – ~1380: Inca Roca
     ~1380 – ~1400: Yáhuar Huaca
     ~1400 – 1438: Wiracocha
    • Imperio Inca o Tahuantinsuyo (Fase de expansão)
    o Dinastía Hanan Cusco:
     1438 – 1471: Pachacútec
     1471: Amaru Inca Yupanqui
     1471 – 1493: Túpac Inca Yupanqui
     1493 – 1525: Huayna Cápac
     1525 – 1532: Huáscar
     1532 – 1533: Atahualpa

    O que me parece ate o momento, é que , a cara na Pedra da Gávea é uma obra começada, mas não acabada, talvez o chamado Portal esteja no mesmo caso. Já a chamada Íbis( E claro que para muitos é mais charmoso atribuir tudo aos egípcios, da mais status que os incas. Não para mim), parece que a intenção teria sido deixá-la assim como esta. Provavelmente bastou fazer os buracos dando forma às patas da ave.
    Caras monumentais na montanha são incas e pré-incas, portais monumentais esculpidos nos paredões das montanhas, são também incas e pré–incas. Pássaros monumentais esculpidos ou desenhados fazem parte de seu universo místico.
    Machu Pichu tem a forma de um condor , ou assim foi considerado. Da mesma maneira que Cusco teria a forma de um puma. A representação de uma serpente também fazia parte desse universo místico
    A motivação para fazer estas obras gigantescas seria muito própria dos incas e das culturas pré incas. E com certeza no caso de que alguma expedição tenha chegado ate aqui não teria todos os recursos para fazer as coisas no mesmo padrão exercido no Peru. Estaria claro que não viriam artesãos e sim soldados que eventualmente teriam alguma experiência construtiva ou ate de trabalho em pedra ,mas não seriam suas qualidades principais. Mesmo assim é muito mais provável do que viagens transoceânicas desde o Mediterrâneo. Inclusive porque as culturas mediterrâneas não faziam este tipo de obra.
    A face na Pedra da Gávea poderia ser uma homenagem a Wiracocha, a divindade, não confundi-lo com o inca que adotou este nome que reinou entre 1400 e 1438. O pássaro no Pão de Açúcar poderia ser a representação da ave que o acompanhava que também representa o sol ou o principio criador, Inti. E eu não conheço totalmente o universo religioso inca para explicar mais
    Qual seria o porque da escolha do morro do Pão de Açúcar e da Pedra da Gávea para deixar estas quase esculturas?
    Provavelmente porque metade do trabalho a natureza já o havia feito em ambos casos. Bastou fazer algumas depressões ,literalmente cavidades. E seria uma forma de declarar a presença do estado incaico por aqui.Uma tomada de posse oficial.
    A superfície do paredão no Pão de Açúcar onde esta a Íbis parece estar rasante com o nascimento do sol no dia 21 de junho , solstício de inverno . A superfície da face da Pedra da Gávea parece estar rasante com o nascimento do sol no dia 21 de dezembro, solstício de verão.
    E digo “parece” porque ainda precisaria fazer observações exatas nesse dias específicos. Os buracos que formam as patas da Íbis e os olhos da face da Gávea são similares , são escavações arredondadas, seguidas. No caso dos olhos da Gávea nota-se que o olho direito dela e bem escavado mas há mais um buraco no fundo com se a escavação fosse seguir . já no olho esquerdo que é muito menor há dois pequenos buracos dando a idéia de que a escavação estaria começando. E todos estes buracos são arredondados , não são formados por fraturas da rocha que se desprenderam e que deixaram arestas vivas.
    Para fazer estas figuras não seriam necessários muitos milhares de homens ainda que uma expedição deste tipo em território dos tamoios precisaria ser forte. Essas colunas militares incas eram acompanhadas ate por mulheres dos soldados. Esses soldados poderiam ser de varias etnias do altiplano e também parte deles eram civis convocados, a rigor era uma comunidade em marcha, e não devia ser menor do que 10.000 homens inicialmente. Pachacutec, o inca, pai de Amaru e Tupac pediu aos filhos que estendessem o império e se sabe que o fizeram em varias direções.Houve exércitos mobilizados ,ate com 200 000 homens
    Se alguma coluna chegou aqui com certeza houve atritos ou ate violentas escaramuças. O pássaro do Pão de Açúcar esta na mesma área onde os portugueses 100 anos depois se sentiram protegidos..Isto não diz nada? O local era praticamente uma ilha . A Urca não existia como a vemos hoje.Para quem não sabe, Urca quer dizer Urbanizadora Carioca,que foi a empresa que ganhou a concessão em 1908 para aterrar essa área.
    Todos sabemos os problemas que os portugueses enfrentaram com os tamoios e como acabou isso.No caso da hipótese da incursão inca , tudo teria acontecido algumas décadas antes de Cabral chegar ao Brasil. A situação deve ter sido similar a que os portugueses enfrentaram quando iniciaram seu estabelecimento por aqui ,se de fato aconteceu. Existe uma versão de que a palavra carioca vem de “acari oca”, que é traduzida como” casa dos brancos” . Mas a palavra “acari “seria o nome que os tamoios davam aos portugueses por causa de suas armaduras que os faziam ficar parecidos ao peixe acari que chamavam de” cascudo”.
    Portanto a rigor seria” casa dos cascudos”.Mas por coincidência os incas também usavam uma grossa malha de algodão muito eficiente como armadura, e para um tamoio nu, eles poderiam também parecer” cascudos”. Os portugueses também usaram esse tipo de proteção e posteriormente os bandeirantes.
    A Pedra da Gávea é uma fortaleza natural com o local perfeito para fazer a cara em homenagem ao deus supremo dos incas, ainda que estivessem pressionados pelos tamoios.Nesse lugar existem excelentes condições de defesa.
    Entre a Pedra da Gávea e o Pico dos Quatro em direção ao mar há um vale semeado de plataformas e contenções feitas de pedra assim como trilhas empedradas que sobem ate uns 550 m em direção a ao topo. Sempre foram consideradas como obras coloniais , mas será que são ? Ou foram aproveitadas posteriormente.Muitas estão soterradas inclusive por grandes desmoronamentos
    Que foram usadas pelas fazendas coloniais é certo, mas foram feitas nessa ocasião ou já existiam?. Somente escavações poderiam dar certeza disto tudo.É um vale razoavelmente abrigado apesar de estar voltado par o oeste suas condições de defesa são bastante boas tem água e acesso ao topo da Pedra da Gávea e está a um passo do mar que seria fonte de pescado e alguns recursos mais. Esse local merece uma pesquisa. Pelo menos com o objetivo de levantar dados sobre as fazendas da área .
    Pelas áreas escolhidas poderia se supor que não haveria grande domínio territorial e nem poderia haver. Pela falta de outras evidencia arquitetônicas ou culturais podemos presumir que essa ocupação durou pouco tempo. Como não há registro aparente desta presumida expedição inca poderíamos aventar a hipótese de que eles nunca voltaram a sua terra natal. Ou pelo menos se algum voltou achou melhor não dizer nada por receio ao castigo pelo fracasso. Ou então simplesmente por aqui ficaram e se misturaram ou foram exterminados. Haveria outra hipótese. Quando voltaram o estado inca, já não existia.E se algum grupo ficou em território brasileiro com o passar das gerações suas características devem ter ido adaptando-se as condições locais, ate mudarem radicalmente. Também é preciso lembrar que uma expedição inca era constituída de etnias que nem sempre eram do vale de Cusco, ou do coração do império, onde as tradições seriam mais características de sua cultura.Poderíamos supor que uma expedição que penetrasse no território brasileiro na altura do Paraná poderia vir com grande proporção de gente de etnias do sul da Bolívia ou do Chile e que já estivessem integradas ao estado incaico, porque era assim que o exército era constituído na fase final de expansão.
    Essas colunas que por acaso tivessem penetrado em território brasileiro, poderiam ser menos disciplinadas culturalmente , sendo mais suscetíveis, no caso de interrupção do contato com a metrópole, de regredirem socialmente e politicamente a padrões similares aos habitantes locais,em poucos anos.
    O fato e que os tamoios disseram que a Face da Gávea era a cabeça de um Deus, além de a chamarem de Cabeça Enfeitada .
    O que sempre intrigou a todos os que estudaram o caso da Pedra da Gávea, é que não achavam relação com nada das culturas que aqui haviam existido .E para muitos tudo era apenas natural .E a primeira conclusão era e é de que quem a fez veio de fora. E temos 90 % de chance de estar certos. Onde a coisa se complica é de onde vieram seus executores. Resta mais uma análise a fazer. Se ninguém veio de fora e a face da Pedra da Gávea e a Íbis foram obras de comunidades locais teríamos que internar-nos num passado imemorial e nebuloso, onde não teríamos referencias ,E nesse caso pouco podemos especular.
    Finalmente puxaram da manga a carta dos fenícios, ignorando totalmente qualquer contexto cultural religioso e lógico. Volto a dizer : Os fenícios teriam feito algo muito mais definido e teriam escrito bem claro se quisessem. Mas nunca fizeram nada disso na Fenícia , não era o perfil deles. E atribuir aqueles buracos na face leste da Pedra da Gávea, a eles é insultar os inventores do alfabeto.
    Aceito como grande probabilidade que os fenícios chegaram ate aqui, mas se aconteceu foi 2000 anos antes dessa época. E um rei fenício não tinha a aura tão divinizada quanto o próprio “filho do deus sol”, o inca, para querer fazer esculturas gigantescas em montanhas, por motivações religiosas .
    Na realidade o Inca tinha muito mais poder do que qualquer rei fenício. Atahualpa disse para Pizarro :”- No meu reino não cai uma folha de árvore se eu não der ordem“. Não é preciso dizer mais nada , e Atahualpa já era um soberano em franca decadência, desgastado pela disputa com Huáscar. Mesmo assim quando ele deu ordem, foi trazido ouro ate da Colômbia, para pagar seu resgate. Já foram descritas estradas incas ate Roraima.
    Para fazer as obras que estamos analisando seria preciso estar em um determinado contexto político, religioso e cultural
    Político: estar em um estado expansionista e extremamente autoritário, muito forte,e obediência cega às instituições do estado.A fase final do império incaico foi exatamente assim.
    Religioso :fazer parte de uma religião com crenças muito fortes na própria divindade e direito divino do chefe de estado. Uma religião extremamente ligada às forças da natureza.
    Cultural : as obras mencionadas estão em perfeita sintonia com antecedentes no estado incaico.O trabalho em granito em grande escala era brincadeira para as culturas andinas. A face de Tunupa em Ollanytatambo é um exemplo similar a face da Pedra da Gávea, tanto em tamanho , localização, como provavelmente em simbologia representando um personagem com barba, e inclusive sobre sua cabeça foi construído um pequeno templo.Portais imitando uma entrada montanha adentro são comuns nos Andes .
    A lenda de Sumé dos tamoios é a mesma de Tunupa ou Wiracocha se bem que os missionários católicos sempre adaptavam as versões ouvidas e conscientemente ou inconscientemente as alteravam para ficar mais enquadradas nas crenças católicas e dai saia o São Tomé em vez de Sumé.
    .O nosso humilde portal na Pedra da Gávea pode ser uma obra iniciada apenas com a retirada dos blocos iniciais , mas vai ao encontro da simbologia inca e pré–inca de entrar na mãe terra.E digo humilde porque parece que não houve tempo de sofisticá-lo. Desde que de fato tenha sido intencional fazê-lo, e que não tenha sido formado pela queda acidental de um bloco. Na verdade parece-me que seria muito difícil que um bloco ,apesar de solto tivesse se projetado para ao vazio sozinho. Para acontecer isso o bloco teria que ter a maior parte em balanço sobre o vazio, e os outros blocos que estão ao seu lado não mostram essa característica. Vejo indícios muito fortes de intervenção humana, num inicio de trabalho para fazer um portal no estilo das culturas andinas
    Mas quando teria acontecido tudo isso?
    Sendo um pouco mais ousado diria que isto só pode ter acontecido nos governos de Pachacutec e Tupac Inca Yupanqui, entre1438 e 1493. Amaru Inca Yupanqui só governou um ano porque Pachacutec seu pai o considerou muito fraco e como ainda detinha autoridade achou melhor substituí-lo pelo seu irmão Tupac Inca Yupanqui. Devemos lembrar que Amaru liderou uma expedição contra os guaranis,mas foi derrotado. AmaruYupanqui era chamado de” o bondoso”. É evidentemente que esse tipo de qualidade não é apropriada para grandes conquistas. Essa expedição precisaria de maiores explicações. Sabe-se que houve lutas no oeste paraguaio, ou seja muito perto do Estado do Paraná .
    De Tupac Inca Yupanqui sabe-se que cruzou a linha do equador duas vezes e chegou abaixo do trópico de Capricórnio, ate a cidade de Constitución , abaixo de Santiago quatro vezes, ou seja esteve abaixo da latitude do Rio de Janeiro, chega-se a contar que foi ate a Terra do Fogo. Sabe-se que mesmo não indo pessoalmente, as vezes, mandou expedições a outros locais. Foi executada uma campanha na floresta amazônica com as tropas divididas em três comandos entregues aos seus dois irmãos Amaru Yupanqui e Chalco Yupanqui e ao general Otorongo Achachi. Houve expedições militares ao interior da floresta amazônica em que apenas 1000 homens voltaram. Foi ate executada uma operação anfíbia mobilizando 10 000 homens em balsas, nas vertentes do rio Amarumayo já na selva amazônica. Houve expedições nas quais ninguém voltou.
    Ainda príncipe, o inca Tupac Yupanqui, jovem com 25 anos, depois de conquistar o atual Equador desceu ate a costa e fez uma expedição marítima que chegou ate Mangareva na Polinésia e na volta passou pela ilha da Pasqua. Diz–se que levou um exercito com ele. Fala-se em 2 000 homens, alguns dizem que eram 20 000, mas seria demais , pois cada balsa poderia transportar no máximo 15 homens. Fala-se em 200 balsas. E se alguém duvida que os incas estiveram na ilha de Pasqua, veja a arquitetura do muro de Ahu Vinapu, não tem nenhuma diferença com a de Cusco ou Machu pichu, além de que os moai tem as clássica orelhas alongadas típicas das classes mais elevadas do estado incaico. E nas ilhas Novas Hébridas também havia esse costume.Em Mangareva ate hoje existe uma dança tradicional chamada “a dança do rei Tupa” que conta a historia do filho do sol que os visitou vindo do leste e para onde voltou, mas trouxe tecidos cerâmica e coisas que eles não conheciam.
    Mas esse impulso de conhecer e explorar dos incas chegou muito tarde porque menos de 100 anos depois, os espanhóis os estariam invadindo, e desmontando qualquer iniciativa.
    Devemos lembrar que quando os incas encontravam populações excessivamente selvagens desistiam de integrá-las ao seu estado.
    Vamos falar francamente, o estado incaico foi tão eficiente na America do sul quanto os romanos no Mediterrâneo e operavam da mesma maneira, para bem ou para mal. Eles também tiveram suas derrotas na “Floresta Negra”. Mas o que os derrotou de fato foi que quando os espanhóis chegaram encontraram o império dividido entre Atahualpa e Huascar, numa verdadeira guerra civil. E com ressentimentos tais que a múmia de Tupac Yupanqui foi queimada em Cusco por partidários de Atahualpa.Tambem fizeram sua parte o sarampo e outras doenças trazidas pelos espanhóis, provavelmente incluindo sífilis de alta qualidade.
    O ódio a Tupac Yupanqui se explica por ele ter sido o conquistador da região de Quito. Huáscar, o irmão por parte de pai de Atahualpa, foi mantido prisioneiro com uma corda amarrada a sua clavícula ate morrer. Atahualpa era filho de uma princesa de Quito e Huascar de uma de Cusco.
    Athaualpa de bonzinho não tinha nada e se tivesse tido chance teria feito em pedaços a Francisco Pizzarro e seu grupo, que também,santos não eram.
    Os espanhóis como todos os europeus viam o ouro como fonte de riqueza e poder. Os incas e as culturas andinas chamavam o ouro de”suor do sol”e o usavam como ornamento e material artístico, inclusive por ser muito maleável. Alguém disse que no império inca havia ruas calçadas com ouro e telhados de ouro. Não é verdade. Os telhados eram feitos de palha que ficava dourada quando vista de longe. Mas no Q’oricancha, o templo principal em Cusco certas paredes eram recobertas de prata ou ouro. Do lado de fora todo o perímetro do templo tinha no muro, um friso de ouro com 80 cm de largura. Dentro do templo havia um jardim com representação de plantas flores, aves ,animais e ate árvores feitas de ouro e prata, alem de objetos em ouro e prata oferecidos pelos povos que faziam parte do império.Também havia a representação do deus sol, um disco de ouro maciço. Na realidade o que se conta sobre o ouro inca, e em parte deve ser verdade, é para deixar delirante a qualquer homem moderno. Pois se fala de tesouros que estariam escondidos em diversos lugares por ocasião da morte de Atahualpa, e que não caíram nas mãos dos espanhóis , entre eles o trono de Atahualpa todo em ouro.
    E evidente que o grupo que veio com Pizarro não era o melhor que a Espanha tinha. E não devemos julgar a Espanha por eles. Alem disso por trás da Espanha estava o Vaticano, a fortíssima igreja católica e outros interesses com aos quais a Espanha tinha que conviver.
    Podemos presumir que esta hipotética incursão inca a esta região deve ter durado poucos anos.
    E nesse caso poderíamos dizer que a Face da Pedra da Gávea tem menos de 600 anos . O que estaria de acordo com a textura mais clara que vemos ali.em contraste com a cor do .resto da montanha.
    Atribuir estas obras a culturas antediluvianas ou a Atlântida é uma aberração e falta de discernimento lógico. Se houve alguma intervenção anterior , e pode ter havido. Não posso nem tentar entrar no mérito dessa questão porque não tenho como, ver indícios claros, pelo menos a flor da terra. Só estou tentando achar um contexto lógico e possível para a Pedra da Gávea e por similitude e proximidade também à “Íbis” do Pão de Açúcar.Não posso envolver na questão o chamado” Índio do Corcovado”por não ter pesquisado o assunto em campo.
    E ainda temos os que atribuem tudo a extraterrestres que teriam feito tudo com raios laser. Ou ainda dizer que os extraterrestres teriam uma base dentro da Pedra da Gávea. Os extraterrestres não precisam da Pedra da Gávea nem de base dentro dela, eles devem ter seus problemas, como nos temos os nossos, e devem ter muito que fazer. Alem de coisas mais interessantes onde aplicar sua tecnologia . Desde que eles existam.
    Se perguntarão de onde tirei essa hipótese.Baseado em que ?
    Tudo o que eu disse esta baseado em 47 anos de observações no local e 443 subidas à Pedra da Gávea, mas mesmo assim não poderia ser categórico, sem pesquisas que comprovem os fatos.Somente escavações bem direcionadas vão responder categoricamente.
    O toque engraçado disso tudo e que muitos anos atrás dois montanhistas disseram ter visto ou ter tido a visão de que subindo de noite na Pedra da Gávea teriam sido perseguidos por um índio diferente que parecia um inca. Quem sabe, eles estavam certos…
    Se a premissa de uma origem incaica para os monumentos citados for aceita . Será mais fácil determinar que tipo de pesquisas em campo deverão ser feitas.E nesse caso o topo da cabeça do imperador deveria ser pesquisado . pois se o local foi freqüentado por eles devem estar enterradas as três pedras em forma cônica dispostas em forma piramidal que eram colocadas nos topos das montanhas importantes para eles geralmente numa plataforma mais ou menos aplainada , e que tinham uma grande simbologia ,tanto política como religiosa.
    Parece uma hipótese viável e espero que inspire discussões e pesquisas .E se minhas observações não servirem para nada. Sugiro que alguém escreva um romance, porque acredito ter dado um bom argumento, e poderá dar uma narrativa interessante. E reivindico o direito de sugerir o nome:
    “A Face de Wiracocha “ . Que Tal?
    Poderia ate dar um filme bem melhor do que os que foram feitos sobre a Pedra da Gávea, ate agora.
    Arquiteto Carlos Perez Gomar outubro 2011

  13. La piramide che non c’è | Cronache dal passato Says:

    […] Crediti immagine […]

  14. João Penna Says:

    Boa tarde! A pesquisa na fazenda de alguma maneira foi pra frente. Há algum relatório sobre a possível pirâmide a nos apresentar?

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